quarta-feira, 30 de julho de 2008

Zumbis

O pesadelo de suas infâncias está de volta: criaturas macabras e assustadoras que aterrorizaram até participando de clássicas produções como A Volta dos Mortos Vivos! Tudo bem, é patético admitir que você tremia a simples menção da palavra "cérebro"; felizmente tivemos a oportunidade de descarregar certa raiva em jogos como Resident Evil.

Zumbis são criaturas que, uma vez dadas como mortas, retornariam a vida por meios desconhecidos; meios que podem ir desde vírus desenvolvidos em laboratórios até feitiços e rituais de necromancia. Muitas hipóteses definem a origem da palavra "zumbi", ela pode ser derivada de jumbie, palavra caribenha equivalente a "fantasma", e nzambi, conguiano equivalente a "espírito de uma pessoa morta". Os zumbis são muito comuns no folclore e na cultura do Haiti, sendo talvez um local onde até hoje predomine a crença na existência desses seres; alguns pesquisadores contam histórias sobre organismos mortos que são trazidos à vida por bokor, uma classe que se assemelha a um xamã. Esses humanóides reanimados se tornam escravos, obedecendo qualquer ordem e não oferecendo nenhum risco ao seu suposto mestre, a única maneira de acabar com essa prisão mental seria alimentando-os com sal. Em resposta a prática dos bokor, uma lei foi aprovada proibindo a criação de zumbis: trata-se de um artigo que condena o uso de substâncias que causem estado de letargia. A partir dessa lei fica fácil relacionar o uso de tais substâncias com a prática da hipnose.

O doutor Wade Davis viajou ao Haiti para fazer pesquisas sobre esses fenômenos após ter conhecido o caso de Clairvius Narcisse, um homem que havia morrido, mas retornou a vida certo tempo depois; sendo dada a atribuição de sua volta ao feitiço de um bokor. Davis pesquisou profundamente sobre a cultura haitiana e chegou até os rituais de criação de zumbis. Esse ato envolvia, além do manifesto religioso, o uso de certas substâncias no formato de um pó, denominadas pó de zumbi. Davis coletou amostras de diversos pós diferentes e neles encontrou algumas substâncias em comum, entre elas estavam a tetrodoxina e diversas substâncias com a finalidade de irritar a pele. A teoria que o doutor Wade Davis desenvolveu foi de que o bokor, ao aplicar o pó, faria com que a tetrodoxina fosse absorvida pela pele irritada, atingindo então os vasos sanguíneos e deixando a pessoa com aparência de morta. Após o enterro, o bokor voltaria para o túmulo, retiraria o corpo e aguardaria o término da duração do veneno; todos acreditariam na existência de um zumbi. Apesar de ser uma teoria promissora, alguns testes com o suposto pó de zumbi mostraram que ele era ineficaz em muitos casos, o que tornou a tese de Davis uma fraude.

O contexto de zumbis acabou sendo eternizado, e um tanto modificado, pelo cineasta George A. Romero, diretor d'A Volta dos Mortos Vivos e de tantos outros filmes de zumbi. A influência do conceito inovador de Romero atingiu muitas obras que utilizam a figura do zumbi, podemos citar jogos (Resident Evil), quadrinhos (The Walking Dead) e filmes (Madrugada dos Mortos).

Por hoje é só, espero que tenham gostado, até mais e durmam com o abajur acesso!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Feliz Aniversário

FELIZ ANIVERSÁRIO para o Falando de Fantasia, que hoje está fazendo um ano de vida! O projeto de mostrar a outra face da fantasia para quem tem vontade de se aprofundar no assunto surgiu da falta que senti de um blog específico. Em mãos tinha como criar e hospedar um blog com um conteúdo diferente dos demais e com certo público proveniente da comunidade Escritores de Fantasia. Não direi que o trajeto até chegar aqui foi longo e difícil, pelo contrário, as coisas começaram a andar quando fiz minha primeira parceria, no caso com o Fabulário. A partir desse momento, com minha divulgação pelo Orkut e novas parcerias sendo feitas, o número de visitantes duplicou, triplicou e agora conta com cerca de 150 visitas diárias. Nunca pensei que algo que eu "dissesse" valeria tanto a pena de ser lido.

Nessa data tão especial, fiz questão de mudar totalmente a layout, pedi ao meu amigo Willian Sertório que tornasse a aparência mais limpa e eficaz. Ainda estarei trabalhando em algumas pequenas mudanças, espero que estejam gostando!

Hoje o blog contém já muitos artigos armazenados, infelizmente meu sonho de montar uma equipe para aumentar o número de artigos vai ficando para trás. Não posso esquecer-me de avisar que também já mandei criar um logotipo para o Falando de Fantasia; no caso foi o ilustrador João Lestrange quem deu a honra de seu trabalho. Esse logotipo servirá para ilustrar uma camiseta que em breve irei estampar, só para deixar mais claro, não pretendo vendê-la; a não ser que alguém se interesse em comprá-la.

É isso, vamos cortar um pedaço de bolo, brindar com hidromel, acender uma fogueira e urrar cantigas junto de um bardo. VIVA O FALANDO DE FANTASIA!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Nausicaä do Vale do Vento

Sentiram saudades? Espero que sim, pois fiquei praticamente um mês sem qualquer contato com o meio virtual; motivo disso já foi explicado no final do último artigo. Esse meio tempo teve seus bons momentos: li algumas obras de ficção científica, descobri que Dostoiévski é enorme e que O Pequeno Príncipe é uma obra maravilhosa, também pude ler Nausicaä e comprar um belo cacto que já está acomodado na estante do computador. Hoje decidi falar sobre mais essa obra de arte que surgiu da mente brilhante de Hayao Miyazaki, famoso por O Castelo Animado e A Viagem de Chihiro.

Nausicaä do Vale do Vento surgiu da fascinação de Hayao Miyazaki pela personagem de mesmo nome que aparece no livro Odisséia. Nausicaä era uma princesa bonita e sonhadora, moradora da ilha de Feácia, gostava de tocar harpa e tinha uma decidida paixão pela natureza. Ela salvou Odisseu quando este apareceu ensanguentado na praia. Pressionado pelos pais de Nausicaä, Odisseu partiu sem demora, o que acarretou na tristeza da bela princesa. Ainda de acordo com a lenda, Nausicaä não se deu o luxo de casar-se, tornando-se então a primeira mulher menestrel, espalhando assim as histórias das aventuras de Odisseu.

Hayao comparava frequentemente essa heroína, pouco destacada dentro do próprio livro Odisséia, com uma princesa das fábulas japonesas. Essa princesa, vinda de uma família aristocrática, era tratada como esquisita por seus hábitos excêntricos. Possuía sobrancelhas escuras e dentes brancos, coisas incomuns até então, e, apesar de sua idade, se divertia brincando nos campos e observando a magia da natureza; sendo os insetos alvos de sua maior admiração. Infelizmente, aponta Miyazaki, diferente de Nausicaä, a "princesa que adorava insetos" nunca teve um Odisseu naufragando em suas praias. Toda essa mescla de sentimentos tornou Nausicaä, personagem de Hayao, uma garota sensível, forte e corajosa; a típica personagem que prende o leitor em poucas falas e ações, criando assim maior afeição pela obra!

A história se passa mil anos após a Guerra dos Setes Fogos; momento em que metrópoles inteiras decaíram pela alta quantidade de substâncias tóxicas que elas mesmas produziram. O mundo moderno, as indústrias e a tecnologia avançada foram engolidas pelo tempo e perdidas no esquecimento. A maior ameaça presente nesse mundo é a contínua expansão do Mar Podre, uma floresta que contém plantas que emitem um gás nocivo as formas de vida comuns, com exceção dos insetos. Não se sabe como surgiu o Mar Podre e como evitar que este devaste o pouco que sobrou do mundo. Nausicaä, princesa do pequeno reino do Vale do Vento, busca compreender a origem e a função da floresta, enquanto se vê representante do seu povo, já que seu pai foi infectado pelo veneno. O ambiente hostil em que se passa a trama contribui para quebrar conceitos de bem ou mal, já que todos estão em uma batalha de sobrevivência.

Ainda não tive a oportunidade de ver a animação, apenas li os quadrinhos. Não há muita diferença entre ambos, já que Hayao conseguiu compactar a história de modo espetacular; ele mesmo prefere a animação, que está mais direta e dinâmica. Fica aqui a dica: leiam o trabalho original (encontrado facilmente em bancas, revistarias ou livrarias, já que foi relançado) ou assistam a animação que é considerada por alguns fãs como a maior criação de Miyazaki!

Espero que tenha gostado e fiquem de olho que logo será o aniversário do Falando de Fantasia. Até a próxima!