quarta-feira, 10 de setembro de 2008

LHC

Acredito veementemente que o tema de hoje salta do imaginário para se tornar realidade. Esse artigo pode parecer fugir do tema do Falando de Fantasia, mas acho que essa situação excêntrica, que sem dúvidas se trata de mais um passo do homem em direção ao conhecimento sobre a origem da vida, merece todo o respeito e cordialidade dos leitores.

Hoje, dia 10 de Setembro, passou a funcionar o LHC, mais conhecido como Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas do mundo! Ele é um anel subterrâneo com perímetro de aproximadamente 27 quilômetros, localizado na CERN, mais especificamente entre a fronteira da França e da Suíça.

O LHC, através de poderosos imãs, consegue fazer com que partículas de prótons corram em direções opostas pelo gigantesco anel em uma velocidade que representa 99,99% da velocidade da luz. Quando essas partículas se chocam com intensa energia em quatro pontos distintos, é produzido um sem-número de partículas elementares. Com esse experimento espera-se observar o bóson de Higgs, a partícula chave que explicaria a origem da massa de outras partículas elementares, verificar se há mais dimensões que as três já conhecidas e ainda estudar a origem dos cosmos. Existem seis detectores localizados em diferentes partes da circunferência, sendo os quatro de maior porte mais importantes.

Os detectores Atlas e CMS investigarão a gama de partículas e subpartículas geradas pela colisão, o Alice tentará criar as condições do Universo após criação pelo Big Bang e por fim o LHCb tentará explicar o motivo do Universo ser constituído de matéria e não anti-matéria. Cada detector tem o tamanho em média de um prédio de cinco andares, nada mal não é?

Extremistas contestam a utilização do LHC, pois alegam que o equipamento poderia criar um buraco negro. Felizmente cientistas renomados, tais como Stephen Hawking, afirmaram que tal teoria seria impossível mediante as condições já estudadas e estabelecidas na experiência. Admito que a mídia nunca é totalmente confiável, todavia sair gritando que é o "fim do mundo" pelas ruas não adiantaria de muita coisa, o fato é que temos apenas de aguardar quais serão as evoluções que teremos após os resultados do LHC, que estão previstos para o ano de 2009. Será que viveremos uma nova revolução industrial ou passaremos por um declínio, caso o acelerador represente danos à humanidade? Como se já não bastasse o 2012!

Espero que tenham gostado do breve artigo explicando o básico sobre o LHC. Até a próxima e torçam para que a Terra não se transforme em "matéria estranha", caso contrário vou ter de pagar uma bela multa na biblioteca...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Invisibilidades II

Olá caros leitores, espero que a essa altura já tenham lido Black Hole! Hoje vir dar uma grande notícia, aliás, maravilhosa para quem não pode comparecer a última edição da Fantasticon. Esse ano será realizada a segunda edição do Invisibilidades, desta vez sobre a curadoria do jornalista e escritor Fábio Fernandes. O objetivo do evento é mais do que lógico: presentear os amantes da ficção científica (e por que não os leitores de ficção fantástica também, não é?) com muita ficção científica e debates do gênero. É claro, será também uma boa ocasião para mostrar para "aquele amigo" ou "aquela prima" ou ainda "aquele tio" a importância do gênero em escala nacional, quebrando certos preconceitos de que a ficção científica brasileira não existe. Segue abaixo a programação retirada do site Invisibilidades.

Sábado (20/09)

17h30 Por uma Ficção Científica Pós-Moderna

Para mapear a produção de ficção científica brasileira atual, escritores que estão começando a despontar, como Antônio Xerxenesky e Octavio Aragão, dialogam com autores experientes, como Nelson de Oliveira e Max Mallman.

Participantes:

Antônio Xerxenesky é editor e autor do weird western Areia nos Dentes .

Max Mallmann é escritor e roteirista de TV e autor de Síndrome de Quimera e Zigurate, este último concorreu ao Prêmio Jabuti, foi publicado na França e está sendo adaptado para o cinema no Brasil.

Nelson de Oliveira é escritor, ensaísta, diretor de arte e autor de Os Saltitantes Seres da Lua e Subsolo Infinito. Em 1995, seu livro Naquela Época Tínhamos um Gato recebeu o Prêmio Casa de las Americas.

Octavio Aragão é designer gráfico, escritor, autor do romance A Mão que Cria e criador do blog Intempol.

Mediação: Gerson Lodi-Ribeiro é escritor e autor de O Vampiro de Nova Holanda e Outros Brasis. Atualmente trabalha com o game de ficção científica Taikodom.

19h30 Publicar uma Nova Ficção Fantástica no Brasil – Existe Espaço?

Debate com editores de livros e de revistas digitais de várias regiões do país sobre a viabilidade editorial e comercial de se publicar literatura fantástica de autores nacionais.

Convidados:

Ana Cristina Rodrigues é historiadora, professora e escritora. Preside o Clube de Leitores de Ficção Científica e coordena a Fábrica dos Sonhos, um coletivo de autores de gênero. Atua como editora virtual, com o zine Somnium, o blog Letra e Vídeo e a editora Fábrica dos Sonhos.

Ednei Procópio é diretor da Giz Editorial, que publica obras de literatura fantástica, como Trevas , Renascimento, Getsêmani e Amor Vampiro. A coleção Universo Fantástico e o site homônimo, também são frutos de seu trabalho nessa editora paulista.

Jacques Barcia é jornalista, escritor, editor da revista digital Kalíopes – voltada para a fantasia pós-moderna – e co-editor da revista digital Terra Incógnita, com foco em ficção científica. É co-autor do blog Post-Weird Thoughts, escrito em inglês.

Richard Diegues é escritor, editor, autor dos livros Sob a Luz do Abajur e Magia – Tomo I, e co-autor da série de livros Necrópole, além de organizador do livro Visões de São Paulo – Ensaios Urbanos e editor da Tarja Editorial.

Samir Machado de Machado é editor da Não Editora, organizador da coletânea de contos fantásticos inéditos Ficção de Polpa e responsável por livros como Areia nos Dentes, de Antônio Xerxenesky.

Mediação: Sílvio Alexandre é organizador do Fantasticon – Simpósio de Literatura Fantástica e membro da Comissão Organizadora do Troféu HQMix, o principal prêmio dos quadrinhos no Brasil. Criou e dirigiu várias coleções de literatura fantástica.

Domingo (21/09)

16h Por uma Crítica de Ficção Científica no Brasil: Primeiros Passos

Mesa sobre a produção acadêmica relacionada à ficção científica no Brasil, em particular a partir de 2000. Neste novo século, despontaram os primeiros artigos e livros sobre a relação entre ficção científica e cibercultura.

Convidados:

Adriana Amaral é professora, doutora pela PUC/RS e autora de Visões Perigosas: Uma Arquegenealogia do Cyberpunk.

Alfredo Suppia é professor, doutor pela Unicamp e pesquisador do cinema brasileiro de ficção científica.

Rodolfo Londero é mestre pela Universidade Federal de Mato Grosso, pesquisador da área de cibercultura e co-editor de Volta ao Mundo da Ficção Científica.

Mediação: Rodolfo S. Filho é jornalista, tradutor, escritor e autor de um dos blogs mais antigos e renomados da web brasileira, o Leituras do Dia. Colaborou para a revista Superinteressante, entre outras.

18h Ficção Científica Brasileira: Passado e Presente do Gênero no Brasil

Debate com os três dos maiores nomes da literatura de ficção científica do Brasil que se destacaram entre os anos 1980 e 1990. Esta mesa busca promover a troca de idéias sobre suas incursões no mundo da literatura, da música, do ciberpunk, além de abordar projetos futuros.

Convidados:

Bráulio Tavares é escritor, compositor e autor de A Espinha Dorsal da Memória e O que é Ficção Científica.

Fausto Fawcett é cantor, compositor, escritor e autor de Santa Clara Poltergeist e Favelost.

Guilherme Kujawski é jornalista, escritor e autor de Piritas Siderais e Borba na Infolândia , este em parceria com Sérgio Kulpas.

Mediador: Sérgio Kulpas é jornalista e escritor.

20h30 Pecha Kucha Night São Paulo

Domingo (21/09)

10h às 15h30 oficina: A Escrita em Ficção Científica Brasileira

A oficina será ministrada por Roberto de Sousa Causo , organizador das antologias Histórias de Ficção Científica e Os Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica , além de coordenador editorial do selo Pulsar, da Editora Devir.

***

Nem preciso dizer que possivelmente estarei lá! Se precisarem de mais informação sobre o evento, que será realizado na Av. Paulista, na altura do Paraíso, no Itaú Cultural, acessem o próprio site do evento Invisibilidades. Vale lembrar também que a entrada é FRANCA, por isso não percam a oportunidade. Até a próxima!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Black Hole

Como tem andado meus caros? Espero que bem até então, espero que desculpe a minha demora em relação aos artigos; já recebi vários emails de leitores pedindo maior demanda de textos, mas a minha rotina anda meio apertada e não é sempre que eu visualizo algum assunto para abordar aqui. Por isso mesmo deixo aqui meu pedido de que você, caso tenha alguma idéia ou dúvida, colabore e dê alguma sugestão! O artigo de hoje será novamente sobre quadrinhos, por isso peço perdão aos que apreciam mais os textos sobre criaturas e mitologia. A graphic novel em questão me veio parar nas mãos por acaso, pois um colega da minha faculdade me trouxe de surpresa e até então desconhecia o título e até mesmo o autor! Um pecado para um trabalho tão envolvente.

Black Hole é o mais importante trabalho do quadrinista Charles Burns, famoso por seus desenhos carregados de nanquim e sua participação na revista Raw e com a série El Borbah na revista Heavy Metal. O trabalhado empenhado em Black Hole demorou singelos 10 anos para ser concluído, o que mostra a dedicação e o compromisso do autor com sua obra. Felizmente nesse meio tempo ele pode conquistar vários prêmios, tais quais o Eisner Award de Melhor Álbum, em 2006, e o Harvey Awards. Através de pesquisas cheguei a notícia de que uma adaptação cinematográfica do quadrinho foi anunciada; o roteiro já foi totalmente adaptado por nada mais e nada menos que os gigantes Neil Gaiman e Roger Avary, o que com certeza impulsionará tanto o nome "Black Hole" quanto o do próprio Charles Burns para fora do meio underground; o que eu acho muito bom, já que eu mesmo gostaria de ter tido contato com esse material mais cedo e não repentinamente.

Black Hole, com certas características autobiográficas de Burns, nos conta a história de uma Seattle alternativa dos anos 70, onde um maléfico vírus tem afetado diversos adolescentes, impondo-lhes deformações corporais. Cada infectado possui uma reação diferente, isso varia desde mãos com membranas até transformações medonhas, onde jovens perdem muitas características humanas como a própria fala. Excluídos da sociedade, esses jovens deformados criam um acampamento próximo da cidade; único meio de se isolar do mundo para conseguir um pouco de paz. Seguindo um ritmo melancólico, depressivo e até certo ponto perturbador, Black Hole nos mostra o cotidiano de alguns jovens que transitam entre drogas, sexo e mutações. Podemos tomar como protagonistas os personagens Chris e Keith, dois adolescentes com histórias que, apesar de certas ligações (Keith é apaixonado por Chris, mas ela é apaixonada por Rob, garoto com o qual contraiu o vírus) se passam em diferentes locais e momentos; a narrativa nos leva até o momento dramática em que ambos são infectados.

Com traços diferentes e bem característicos, que bebe muito da mistura do vintage, do LSD e do horror, Charles Burns nos conta toda essa trama simbólica sobre o terror da adolescência e as experiências que nela acumulamos. Talvez faça mais sentido para um adulto no auge de seus 40 anos, todavia é ainda uma tremenda experiência visual e artística; facilmente encaixado dentro da literatura pop. Só lendo para compreender a estranha sensação de ter alguns pontos comuns com os personagens, de já ter passado por aquela situação e já ter tido "aquele" terror psicológico, aquela agonia.

Aproveitem também que os preços dos dois volumes que saíram pela Conrad estão bem amistosos! Caso você esteja duro, pode conferir o primeiro volume no Palhastro; em breve procuro a segunda edição. Espero que tenham gostado, até a próxima!