quarta-feira, 28 de novembro de 2007

300

Impressionante, pela primeira vez neste blog eu postarei algo sobre quadrinhos, uma das minhas paixões. É claro que os que colocarei aqui serão apenas os ligados diretamente a fantasia, portanto nada de Watchmen ou V for Vendetta. Para dar início, nada mais plausível que postar o quadrinho sobre os memoráveis espartanos de Frank Miller, história que na minha opinião só perde para a originalidade de Sin City.

300 conta a história do rei Leônidas, que ao convocar seus trezentos melhores homens, enfrenta a invasão do descomunal exército pérsia, liderado pelo rei Xerxes, dando início a famosa batalha das Termópilas. Com um roteiro bem esquematizado e belíssimos desenhos, Frank Miller consegue prender o fôlego de qualquer leitor, do início ao final. Ainda que a história apresentada nessa graphic novel não retrate exatamente como a ocorrida em 480 a.C., ela vale a pena cada quadrinho.

Abusando de cortes, texturas, silhuetas e expressões de movimento, Miller dá aos combates um tom de ultra violência e ferocidade. O seu trabalho sempre foi muito elogiado quanto ao design arrojado de suas páginas e a força da sua composição. Acaba que o conjunto da página ganha o leitor e não apenas o desenho em si; detalhe que as páginas são duplas, transformando a leitura tradicionalmente vertical em horizontais. Um trabalho audacioso de um escritor mais audacioso ainda. Vale a pena conferir!

Fórum Anime AG Network (com o download das 5 edições)

E antes que me esqueça, é recomendável usar o programa CDisplay para obter uma leitura mais agradável! Aliás, para quem curte Neil Gaiman, em breve vou disponibilizar algo sobre a sua série Os Livros da Magia. Até mais!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Como ser publicado?

Mais que matar dragões, salvar o mundo de um tirano ou destruir um anel mágico, ser publicado atualmente é um dos maiores desafios enfrentados pelos escritores. A maioria destes encontra as portas de grandes e médias editoras fechadas, precisando recorrer a "auto publicação" como um meio de conquistar um espaço nas prateleiras das livrarias; é claro que esta não é a única solução e muito menos a mais barata.

Escritores de fantasia sofrem com a falta de compromisso das editoras em ler o material enviado, na verdade poderia dizer que sofrem em dobro, pois infelizmente o gênero fantástico não é considero muito vendável no nosso páis. Algo que chega a ter contraste com o enorme número de apreciadores de fantasia, bem como RPGistas e outros leitores. Talvez o que torne o gênero inviável seja o fato de que o povo brasileiro não tem o costume de ler livros, ou talvez isso só seja uma parte de uma cadeia de problemas.

Para tamanha crise, há diversas soluções. Uma delas, como já citei, é se auto publicar, mas é um método que sai caro e muitas vezes não chega a valer a pena, afinal, não há publicidade e a distribuição pode depender apenas de você. Outra dica, enfatizada pelos editores, é conseguir uma referência de algum escritor famoso ou de um figurão qualquer, nesse caso são necessários contatos e não é qualquer um que pode tê-los tão facilmente. Por fim existem os casos de pessoas que conseguiram se dar bem com publicações em outros países, esse é um processo que não sai muito barato, pois além de uma pesquisa a fundo no target estrangeiro, é aconselhável o emprego de algum tradutor confiável.

O caminho para ser escritor é doloroso, mas para quem o deseja com corpo e alma, pode gerar belos frutos. E é dessa forma que posso apresentar o testemunho de um escritor brasileiro que hoje em dia pode ser considerado best-seller, mas que em outrora fora tão importante quanto eu ou você. Encaixo aqui o relato de André Vianco, famoso por seus livros de fantasia com teor vampiresco, que precisou se auto publicar para mais tarde assinar um contrato com a sua atual editora Novo Século:

Uma porção de coisas...

Sobre as editoras, também já perdi a conta de quantas cartinhas dessas eu recebi na vida. Tá certo que hoje é diferente, não que haja editoras disputando a tapa o que eu escrevo, mas estou certo que caso quisesse mudar de casa editorial seria um processo bem mais confortável do que há quatro anos. O começo não é fácil numa série de áreas, na literatura então, chega a ser quase que proibitivo. Sério! Quem aqui já chegou com a cara e coragem em casa, para os pais, familiares e amigos e disse, serei um romancista, um escritor? Serei roteirista. Faça isso, pai e mãe podem achar bonitinho e vão te apoiar com um sorrisinho amarelo na sala, mas, a noite, no quarto do casal vão trocar fuxicos e tentar descobrir quem foi que botou essa idéia doida na sua cabeça, vão trocar acusações e tal e coisa. Podem amar a idéia, claro, ser escritor e viver disso é glamouroso, há toda uma fantasia ao redor dessa profissão. Mas seus pais vão pensar: e se ele resolver casar? Como vai sustentar a casa?

Pois é, o melhor conselho que dou a vocês é, se querem ser escritores de verdade e viver disso, então não desistam nunca. Primeiro, para começar você vai precisar, sim, ter outro trabalho para se manter ou manter a família. Não tem jeito. Ninguém fica milionário do dia pra noite vendendo livros ou ganhando direitos autorais no ramo da literatura (é claro que existem as exceções a regra, as Brunas Surfistinhas e sucessos instantâneos, que costumam ser bem efêmeros. Alguém ai lembra da Mônica Bonfiglio, o tal do Paes do Angus e mais um bom número desses nomes que vem e que vão?). Essas cartas negativas das editoras não vão parar de chegar. Se vier um “sim” no caminho agarre-se a ele como um náufrago se agarra a um bote, mas cuidado, algumas editoras são bóias cercadas de tubarões por todos os lados.

Comece a poupar um dinheirinho. Vai guardando um pouco por mês. Uma hora você vai perceber que para os editores você não é nenhum gênio brilhante e vai começar a duvidar de você mesmo. Então poupe grana e publique por conta antes que você desista de você. Lembra do que falei no começo? Nunca, nunca desista. Bem, tratem também de uma realidade delicada. Sê sincero contigo. Seu texto é bom mesmo? Você tem talento? Pode não ser um primor, mas seu texto tem que incendiar alguém tem que fazer a pessoa ficar colada no livro ou despertar reflexões interessantes que a leve até o fim da história. Se sua história é chata, reescreva. Submeta seus livros aos amigos. Depois peça que eles levem o livro para pessoas que gostem de ler, mas que nunca te viram mais gordo. Não precisa vencer todos, mas tem que arrancar admiração da maioria. Não superestime seu texto. Isso atrapalha. É bom achar críticas antes de chegar aos editores e editoras. Você vai dar uma esmerada no texto, vai tentar enxergar onde errou. Agora, se trinta em trinta amigos inventarem uma desculpa cabeluda ou esfarrapada para não ler o seu livro, mau sinal. Ser talentoso é crucial para ajudar no começo. É claro que um em um milhão nascem prontos, são fantásticos e irretocáveis nas primeiras linhas. Não é o meu caso. Talento para ser um contador de histórias eu tenho de sobra, mas até aceitar cá comigo que sou um grande escritor, acho que demora um pouquinho.

Dou-me com o trato do texto, adoro revisar, melhorar o que está escrito, mas erro as pencas, difícil acertar uma crase (pode? acho que é defeito de fábrica), mas não me encolhi diante desse obstáculo e hoje escrevo muito melhor do que no começo, é um processo natural vindo do estar todo dia sentado ao teclado, inventando, narrando, trabalhando, suando, lendo, aprendendo, escutando os outros escritores que deixaram obras alucinantes para todos nós (estou pela enésima vez lendo Os Miseráveis, de Victor Hugo). Esse lance do talento versus técnica pode ser bem percebido no meu debute “Os Sete”. Está lá, o que poderia ser um fiasco tornou-se um bestseller. Agora, se não tiver talento para escrever, trata de descobrir rapidão para que o seu talento serve. Eu acredito muito nisso, cada um tem um talento, um dom natural. Seja para fazer salgados para festas, encontrar curas para doenças complexas, viajar até a lua, tecer redes. Lembra do que falei? Nunca desista. Não ser escritor e ser outra coisa não significa desistir, significa poupar seu tempo e ser mais feliz. Outra coisa, não ser publicado por uma editora grande também não quer dizer que você não é escritor. Sem escritor não tem nada a ver com quantos livros você já escreveu, quantos publicou, quantos leitores você tem ou quantos e-mails recebe por dia. Isso tudo é perfume, fogos de artifício. Ser escritor está no coração. Ainda me considero um escritor amador, amador até morrer. Antes de investir os tubos numa publicação independente, estude o mercado. Vender pela Internet (crucial hoje)? Quando eu comecei esse lance de ser escritor não existia orkut, eu nem tinha e-mail em 2000. Abri uma conta exclusivamente para colocar um email de contato no fim do livro. Colei etiquetinhas em cada um dos mil exemplares e em menos de um mês recebi o email da primeira leitora. Cara, que sensação! Era um e-mail genuíno. Não conhecia a menina, do Alphaville, que tinha pirado o cabeção lendo "Os Sete".

Lembro que no final de 99 eu fiz um curso de “Como publicar seu livro”, ali no finalzinho da avenida Paulista, numa livraria tradicional do pedaço. Lá aprendi o que era ISBN e que ele era indispensável na quarta capa do livro. Sem ISBN nada feito.
Perca um tempo pensando numa boa capa. A capa de meus livros atraiu muitos leitores. Tenho até hoje uma boa relação com o cara que fez minha primeira capa, o Christian Pinkovai (www.christianpinkovai.com). A briga mais feia que tive na editora foi para que eu escolhesse a capa do trabalho e que ela fosse feita pela Christian. Esse negócio de amizade ainda existe em alguns recantos do mundo dos negócios. Dizem que não se deve julgar um livro pela capa, pois é.
Agora, Ana Carolina, nada disso. Nada de mudar o nome para Annie. Você é brasileira, não desiste nunca (hahahahahaha). Você, sinceramente, acha que vai ser muito diferente mandando seus livros para fora? Não creio que as mesas das editoras estrangeiras estejam as moscas ou ao menos com um espaço vazio esperando “novidades do Brasil”. Não senhora. O fenômeno das “pilhas de baboseiras” deve se repetir mundo a fora. Trabalhei alguns meses como consultor da Novo Século. Senhora! Quanto livro! Chega um monte todos os dias. Por isso que o processo é injusto. Os livros vão se amontoando. Alguém lê algumas linhas e se não gostar na primeira página, sabe aquela pilha das baboseiras? Então. Por outro lado vocês precisam entender que as editoras, apesar de atuar no ramo da cultura, são geridas por empresários que querem perceber certo lucro no final das contas. Não, não é um mercado fácil. Não é mesmo.

Não estou aqui querendo destruir o sonho de ninguém. Muito pelo contrário, só quero deixar certos mecanismos claros para que você lute com mais preparo. Os olheiros das editoras que ficar de queixo caído na primeira página. Se entender e gostar do seu livro, vão ler mais duas páginas. Se gostarem das cinco primeiras é possível que mandem para alguém da área ler e opinar (sem misericórdia). Não mude seu nome. Existem leitores para você no Brasil. Arregace as mangas e encontre-os e esfregue-os na cara dos livreiros. E sobre o que a Ana e o Daniel falaram, traduzir para arriscar em outro mercado, acho que a grana que você vai gastar com um tradutor juramentado, descente, é suficiente para produzir seu livro direto numa gráfica aqui no Brasil e começar seu trabalho. O Daniel mostra um pensamento interessante. Procurar editores pequenos, com catálogos pequenos e que estejam começando. Meu lance com a Novo Século começou mais ou menos assim. Na verdade eu já tinha desistido das editoras quando publiquei Os Sete e, um ano depois, publiquei Sementes no Gelo. Aconteceu da editora Novo Século ter uma loja em um shopping e ver Os Sete vendendo bem demais para um autor estreante e, ainda por cima, independente. Naquele momento eles estavam começando a editora e tive o prazer de ser o primeiro escritor da casa. Quando passei na loja para fazer a reposição mensal, recebi um cartão do gerente, dizendo que queriam falar comigo. Fui até sem dar muita bola... e sai com um contrato assinado. Adiantei meus planos em cinco anos! Ai vem mais um ponto importante: tenha um plano! Começa a soar aquelas coisas de auto-ajuda (recomendo A mágica de pensar grande – David Joseph), mas é sério. Tenha um plano, um caminho que você quer traçar. Faz toda diferença. Quando eu sentei a mesa do editor Luiz Vasconcelos eu tinha um plano, eu sabia onde eu ia chegar. Expliquei que tinha esse e aquele livro publicado, vendendo de loja em loja, mas que tinha mais dois romances escritos (O Senhor da Chuva e Sétimo) e que tinha idéias desenvolvidas para mais 20 romances naquele estilo. Se você quer viver de escrever, tenha uma porção de idéias e escreva vários livros. Os editores vão gostar de ouvir isso. Quando você for chamado para um encontro, um almoço com um possível editor, converse tranqüilo com ele, prepare sinopses de alguns trabalhos, eles estarão justamente para ouvi-los, é o seu momento. Se não estiver confiante pelo menos parece confiante.

Nosso colega Saint-Clair também está correto quando fala da distribuição. Esse é um gargalo que dificulta muito as coisas. Avalie muito bem a editora antes de assinar um contrato se quiser ver seu livro nas prateleiras do país todo. Não será prepotência de sua parte rejeitar um contrato. Quando você assina você aliena seus direitos por coisa de 5 anos. Tente baixar esse tempo no seu primeiro contrato. É normal fazer um primeiro contrato por 2 anos. Tente isso. 2 anos é tempo mais que suficiente para conhecer na prática sua editora. Outro lance legal é conseguir um contato de um escritor da casa. Isso fará seu livro pular do fundo do poço das sombras para a mesa de um editor. Não significa necessariamente que será publicado, mas já ajuda muuuito!

Testemunho retirado de um tópico de discussão da comunidade Escritores de Fantasia, que abordava justamente o assunto. Para quem leu, fica a experiência vivida por mais um ex-membro do clube dos não-publicados, mas para todos fica a "boa sorte" e o tapinha nas costas tão merecido aos escritores que nunca desistem e sempre seguem de cabeça erguida.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A Lenda de Beowulf



Já que estamos no clima de épicos, nada como dar uma boa olhada no filme A Lenda de Beowulf, a quarta adaptação do poema épico escandinavo para os cinemas. O filme, que demorou cerca de 10 anos para ser adaptada pelas mãos de Neil Gaiman e Roger Avary (co-roteirista do filme cult Pulp Fiction), conta a história do poderoso guerreiro Beowulf, que ao enfrentar o temível demônio Grendel, desperta a fúria de sua mãe, que passa a protagonizar então uma sangrenta batalha épica. O épico é uma das obras mais antigas da língua inglesa, contada por cerca de 700 anos apenas na forma oral por bardos e registrada como poema por monges séculos atrás; o manuscrito com a história original só foi encontrado no século 16. O mais ousado nesse filme é a tecnologia utilizada, já que a técnica é a mesma que o diretor Robert Zemeckis usou em O Expresso Polar.

Uma matéria mais completa sobre o longa pode ser encontrada no site Omelete. Até a próxima!

domingo, 18 de novembro de 2007

Gilgamesh

Antes da Odisséia de Homero, antes das histórias egípcias, vindo do tempo dos sumérios, veio o quase imortal Gilgamesh, o guerreiro que através de 12 simplórias tabuletas de argila conseguiu vencer as barreiras do tempo e se tornar a primeira história escrita da humanidade. A Epopéia de Gilgamesh foi escrita em sumério cerca de 2.600 a. C. As tabuletas com as inscrições em cuneiforme (escrita desenvolvida pelos habitantes da Mesopotâmia) sobreviveram muitos séculos e foram encontradas entre 669 e 626 a.C. na biblioteca particular de Assurbanipal.

Gilgamesh foi um rei e herói legendário da cidade-estado de Uruk, Mesopotâmia (região onde hoje se encontra o Iraque). De acordo com a lista dos reis sumérios, Gilgamesh foi o quinto rei de Uruk, da primeira Dinastia, filho de Lugalbanda. Diz a lenda que ele era 2/3 deus e 1/3 humano, e por isso era capaz de grandes feitos sobre-humanos. Na história Gilgamesh precisa enfrentar um ser feito à sua réplica, chamado Enkidu. Ele é o deus da vegetação, um humano sem a marca da humanização. Após uma luta de força, tornam-se amigos e viajam enfrentando perigos e vivendo várias aventuras.

O verso da obra é feito em metro único e possui uma forma narrativa. A métrica, de verso heróico, é construída com vocábulos raros e metafóricos; outro detalhe é que não há limite de tempo. A estrutura é composta pelo reconhecimento, as peripécias e as catástrofes, uma típica aventura de grandeza épica. Existem fontes que apontam que Hércules, da mitologia greco-romana, foi baseado nele.

É de clara importância o épico de Gilgamesh, já que foi o primeiro a ser escrito e o que pode dar inspiração até mesmo para as mitologias que se seguiram. Hoje em dia o livro pode ser comprado pela Editora Martins Fontes. Assim como na Matemática é preciso aprender desde as unidades e dezenas, essa epopéia o levará ao mundo da antiguidade e te mostrará o fascinante mundo de deuses que formaram culturalmente diversos povos; grande sacada para escritores que buscam inspiração. Para os curiosos:

Introdução ao mito de Gilgamesh
Tabuletas traduzidas (em inglês)
Tabuletas traduzidas (Orkut)

Espero que tenha gostado, até a próxima!

A Pedra Encantada de Brisingamen

Um autor desconhecido e um livro com um título no mínimo curioso. Quem conhece a mitologia nórdica dificilmente deixaria escapar um livro envolvendo a pedra brisingamen; e foi o que ocorreu comigo. Alan Garner, autor do livro, é um escritor britânico de fantasia muito aclamado pelo público infantil, apesar de não gostar de ser conhecido simplesmente por "um escritor infantil", já que seus livros tem um conteúdo um tanto sombrio. Seus livros quase sempre são ambientados nos locais onde passou a infância, como Alderley e a planície de Cheshire (locais de grande importância no livro em questão). Sua bibliografia inclui além d'A Pedra Encantada de Brisingamen, A Lua de Gomrath, A Maldição da Coruja, Elidor, entre outros; apesar destes serem os únicos traduzidos. Philip Pullman, criador da trilogia Fronteiras do Universo, é um grande admirador de Garner, e garante que A Pedra Encantada de Brinsigamen é um "clássico da literatura infantil".

Após o misterioso prefácio, a trama se desenrola com os irmãos Colin e Susan, que vão passar um tempo na casa da ex-governanta de sua mãe. O local, isolado dos centros urbanos, tem um toque de serenidade, mas coisas estranhas começam a acontecer, como uma estranha mulher que insistiu loucamente em dar uma carona aos dois, mesmo sabendo que estavam perto de casa. A curiosidade das crianças é mais forte que a lendas acerca das misteriosas cavernas (e principalmente a sobre o "Mago"), assim elas não perdem tempo e decidem vasculhar cada fenda nos morros gritando Abracadabra. Nessa expedição infelizmente elas topam com estranhas criaturas descarnadas e sombrias que começam a perseguí-las. O azar acaba apenas quando Colin e Susan são salvos pelo tão grandioso "Mago", que por fim os levam para as profundas cavernas de Fundindélfia.

Essa estranha caverna guarda em seu coração cento e quarenta valorosos guerreiros, que adormecidos esperam pela batalha que se erguerá durante a volta de Nastrond, o grande espírito das trevas. Para que os guerreiros possam resistir ao tempo, um grande encantamento, tão poderoso que nada pode quebrá-lo, foi selado no coração de uma pedra, nomeada Fogofrio. Porém Cadellin, o "Mago", a perdeu, tudo graças a avareza de um fazendeiro. Colin e Susan, aflitos e ansiosos com a história, tomam para si a missão de encontrar e resgatar a pedra, mas para isso precisarão de muita coragem.

O tom usado no desenrolar da narrativa tende a deixar a trama parecendo previsível, mas só lendo até o fim para ficar surpreso e descobrir que o livro apresenta apenas um décimo do que poderia ser a história, dando um fim com um gostinho de "quero mais". Fiquei muito feliz ao descobrir que esse "quero mais" se encontra na sequência A Lua de Gomrath.

Para quem deseja muita aventura a base de fugas mirabolantes e anões desbravadores, A Pedra Encantada de Brisingamen é um prato cheio. Leitores de Crônicas de Nárnia adorarão, amantes de O Senhor dos Anéis talvez farão apenas comparações, mas o que vale é a criatividade da narração, por isso livro mais do que recomendado. Para quem deseja um pouco mais sobre:

Site com tudo sobre Alan Garner (não é oficial e está em inglês)

Até a próxima meus caros!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Halflings

Halflings (ou eternizado pelo autor J. R. R. Tolkien como hobbit) são humanóides de estatura não superior a 90 centímetros e com pés terrivelmente peludos que podem ser considerados tão antigos quanto os homens. A palavra halfling vem do inglês half of something e foi usada justamente por hobbit ser um termo protegido por direitos autorais (há quem diga os criadores de Dungeons & Dragons). Dizem que os halflings são meio-homens e meio-elfos, outros afirmam que são uma outra evolução do Homo Sapiens, alguns ainda acreditam que essas criaturinhas são híbridas de anões, homens e elfos, mas nada é certo de onde vieram tais seres (isso era até um mistério para os leitores de Tormenta, já que eles supostamente vieram de um “portal místico”).

Por não serem muito fortes e não terem habilidades com a magia, os halflings não são facilmente encontrados em grupos de aventureiros; na verdade detestam qualquer coisa que possa tirá-los do sossego. Preferem ficar com sua vida farta a se arriscarem em troco de nada; os poucos que tem coragem (ou são obrigados) a participar de alguma jornada, logo se tornam ladinos, já que é a única função plausível e na qual eles têm facilidade (um forte esteriótipo criado para essa raça). Essa visão acerca dos halflings foi bem difundida entre os RPGistas e escritores, já que foi desse modo que Bilbo, Frodo, Sam, entre tantos outros hobbits, foram apresentados ao mundo em O Hobbit e O Senhor dos Anéis, livros que possuem o maior conteúdo sobre essa raça.

Com um senso de humor simples (lembrando o dos anões) e uma certa ligação com a natureza e as artes, os halflings são considerados seres extremamente sociáveis, podendo conviver com elfos, anões e até goblins (que os consideram irmãos de "trabalho"), mas a maioria ainda prefere manter certa distância, já que geralmente se sentem intimidados por outros seres "grandes". Suas maiores paixões são o conforto e uma boa terra lavrada, por isso preferem se instalar em regiões campestres, bem organizadas e cultiváveis, passando longe dos centros urbanos. Para o cultivo utilizam ferramentas antigas, já que não são simpatizantes de máquinas mais complicadas que um moinho de água.

Os halflings possuem um aspecto mais simpático do que bonito: bochechas vermelhas, bocas prontas para rir, olhos brilhantes e cabelos encaracolados. São criaturas muito festivas, que adoram músicas e se vestem com cores vivas. Uma curiosidade é que jamais usam sapatos, já que seus pés possuem uma sola mais resistente que a dos homens e é protegida por uma espessa camada de pêlos, e outra é que, pasmem, chegam a fazer cinco refeições por dia!

Um famoso hábito dos halflings, que tornou O Senhor dos Anéis famoso entre os hippies dos anos 70, é o fumo. Através de cachimbos, eles tomaram a queima de ervas como uma arte, chamando-as simplesmente de erva-de-fumo (nada mais do uma variação de nicotina).

Hoje em dia os halflings são conhecidos por todos, estando presentes em jogos online, diversos livros, como também em manuais de RPG. Para quem deseja aprofundar sobre essa raça, basta saber que os halflings tem origem no folclore britânico, de um personagem meio-homem chamado Hanner Dyn. Na Internet não há nada sobre ele, mas nada que uma biblioteca não resolva (basta verificar livros de mitologia anglo-saxã).

Até a próxima!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A Dama de Shallot

Finalmente consegui mais um conto para colocar aqui no Falando de Fantasia; isso devido a criação de uma comunidade de escritores de fantasia e ficção de científica que visa unicamente a crítica e avaliação de contos, poesias, livros e textos fantasiosos em geral. O conto de hoje vai alegrar bastante os fãs do Rei Artur, já que trata de uma das personagens da história, e a todos que gostaram do estilo de narração da Ana Cristina, autora do texto. Infelizmente eu não posso reproduzir o conto no meu blog, já que as regras do Hyperfan (site onde o conto está hospedado) não permitem a publicação dos textos lá contidos em outros sites, assim deixo então apenas o link para que vocês possam ler direto do Hyperfan.

A Dama de Shallot - Ana Cristina

Espero que apreciem a leitura e a transposição melancólico do texto, algo bem diferente do que você escritor sobre Rei Artur por aí. Até mais!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Tempo para Escrever

"Eu gosto de escrever, mas não tenho tempo!". Se eu recebesse um dólar para cada vez que escuto esta desculpa, seria uma mulher rica. Ninguém tem tempo para escrever. Escrever bem requer sacrifício, dedicação, trabalho duro e prática. Infelizmente prática requer tempo.

Meu sonho tem sido sempre o de escrever em período integral, mas por causa de um simples detalhe, este sonho está longe. Eu não tenho tempo livre e arranjar tempo para me dedicar à escrita é uma luta. Escrever durante o dia é quase impossível. Eu trabalho em período integral em programação de computadores e gasto muito do meu dia lidando com o tédio do escritório. No meio de chamadas telefônicas, papéis e problema com computadores meu impulso criativo desaparece.

Quase sempre eu chego em casa à noite, cansada, frustrada e geralmente tensa. A última coisa que eu desejo fazer é sentar em frente de um computador por umas horas a mais. Além disto, eu terei que ludibriar meu filho para ele jantar e convencê-lo que tomar banho é divertido. E estas são apenas duas das principais tarefas. Quando eu realizo isto, estou ainda cheia do trabalho e gasto o meu tempo jogando ou lendo histórias para o meu filho para relaxar. Quando ele vai finalmente dormir eu geralmente estou exausta, mas ainda quero escrever. Então, eu me vejo com duas opções: ou levanto umas horas antes na manhã seguinte, ou luto contra a exaustão e fico acordada. Desde que, há muito tempo atrás, fiz uma promessa de não assistir
o sol nascer, eu fico acordada e dedico o tempo entre as 10 horas da noite até uma hora da madrugada para escrever.

Durante estas horas eu desligo a TV, escuto música instrumental e, quando estou realmente séria, desligo a Internet. Deixar de navegar enquanto escrevo é difícil, mas se eu quero realmente atingir meus objetivos, tenho que fazer.

Quando eu dedico este período de tempo para escrever, eu também decido escrever todos os dias. Minha meta diária é de 1000 palavras (creio que mais ou menos duas páginas destas). Às vezes eu faço mais e outras vezes eu tenho sorte de atingir este número. Escrevo quando estou cansada ou doente. Escrevo quando estou sem inspiração e quando o mundo a minha volta esta caindo em pedaços. Com cada palavra eu mantenho o sonho de escrever em período integral brilhando na minha frente. Ele está encarnado em um cartão na minha mesa de trabalho que diz: "Mantenha a fé, mantenha a esperança viva". Não permito que eu mesmo arranje desculpas, porque se eu fizer, terminarei pegando um livro ou navegando na Internet, e minhas histórias ficarão esperando.

Eu ranjo os dentes toda a vez que ouço as palavras "Eu não tenho tempo para escrever". Especialmente quando eu vejo que as pessoas enviam infindáveis mensagens e gastam horas e horas em Chats. Quando ouço estas palavras eu gostaria de responder: "Você não tem tempo para escrever, mas eu acho tempo para escrever. E se eu posso achar tempo, qualquer um pode". Escrever todo dia pode não ser possível, especialmente para estudantes, mas assumir o compromisso de escrever 2 ou 3 dias por semana por uma hora por dia é uma possibilidade.

Eu seria capaz de apostar que há uma hora livre em cada dia. Desistindo de assistir aquele noticiário noturno (quem precisa deles?), ou aquele seriado, ou ainda aquela novela; liberamos uma hora. Sacrificando uma hora de sono liberamos uma hora. Existem 24 horas em um dia e eu estou certo que cada uma delas é usada para o trabalho, família ou outras responsabilidades. Não escrever porque não há tempo não é uma desculpa, é um modo claramente disfarçado de dizer "Eu não quero escrever!".

- Vicky McElfresh (tradução de Claudiney Martins para Fábrica dos Sonhos)

Achei interessante colocar este texto aqui, justamente pela temática: o enorme número de pessoas que deixam de escrever por acharem que não tem tempo para tal. Muitos escritores se imaginam nessas palavras; escrever tem se tornado um hábito difícil de manter, difícil a ponto de exigir certos sacríficios pessoais para evitar a morte de um grande sonho, que no caso é publicar um livro. Que fique esse texto apenas como uma mensagem para aqueles que já publicaram, os que lutam para escrever e aqueles sonhadores, que um dia irão de colocar suas idéias no papel.

sábado, 3 de novembro de 2007

Artefatos Mágicos

Espadas, adagas, lanças, arcos, esferas de rubi, capacetes, escudos e até um pedaço de pedra; tudo pode se transformar em um artefato místico, mesmo este não tendo poder algum. Armas mágicas, misteriosas e poderosas são ítens indispensáveis para quase todo livro de fantasia, como por exemplo O Senhor dos Anéis, cuja história gira em torno d'O Anel, e A Bússola de Ouro, onde a bússola consegue prever o futuro e guiar Lyra. A história do mundo também trouxe variantes de artefatos lendários muito interessantes, como a lança que perfurou Jesus e o Graal, famoso para os adoradores de Rei Arthur.

Nessa postagem trago à vocês uma lista bem sintetizada com alguns dos mais famosos ítens míticos que foram coletados de diversas lendas e histórias mitológicas. Devo ressaltar que são elementos que podem enriquecer uma narrativa fantástica e inspirar a criação de diversos outros objetos majestosos. Ou vocês acham que existiria o maior épico de Tolkien sem a lenda do anel Nibelungo?

Artefatos Mágicos - Parte 1

Acho que não está faltando mais nada. A Parte 2 da lista será mais divertida, pois colocarei artefatos mais contemporâneos, como a capa do Spawn, as esferas de Holy Avenger, a Zar'roc de Eragon e alguns ítens que fizeram a história dos jogos da linha Zelda. Portanto, até a próxima!