quinta-feira, 30 de abril de 2009

Fábulas do Tempo e da Eternidade


O mercado editorial brasileiro voltado para a literatura de ficção fantástica e científica é ainda limitado e muitas vezes conservador, baseando-se unicamente em estratégias de vendas e publicando apenas obras com um público maior, mas pouco estruturado. As conseqüências dessas medidas são a pouca variedade dentro dos gêneros e a péssima qualidade dos livros que são publicados. Já tive a oportunidade de ler muitos livros nacionais ruins, sendo que alguns deles se tornaram muito famosos. Muitos autores populares, como é o caso do escritor e desenhista Orlando Paes Filho, parecem não possuir potencial estilístico para criar uma obra consistente e satisfatória para leitores amadurecidos. Felizmente não é o caso do primeiro livro da autora Cristina Lasaitis, uma paulistana de apenas 26 anos que ganhou espaço na ficção publicando contos em diversas coletâneas e recebendo notoriedade pelo seu excelente trabalho.

Publicado em 2008 pela Tarja Editorial, uma ótima editora que se propõe a publicar novos autores e obras inovadoras, além de manter um acabamento gráfico diferenciado, Fábulas do Tempo e da Eternidade nos mostra diferentes histórias acerca do tempo através de 12 contos. Os leitores fanáticos por ficção científica terão o prazer de encontrar referências sobre Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Ray Bradbury, William Gibson, Ursula K. Le Guin, entretanto não é só isso, pois também sentimos a aura do realismo fantástico dos gênios Jorge Luis Borges e Ítalo Calvino, a perspicácia de Clarice Lispector e até a sabedoria do mestre Machado de Assis. Admito que fiquei impressionado com a quantidade de referências durante a leitura, algo que só teve a acrescentar no estilo de Cristina.

A teoria do Não-Tempo desenvolvida pela professora brasileira Cláudia Mansilha e a mudança repentina de tudo que sabíamos sobre a física constituem o que há de mais interessante na obra para muitos leitores. Com um ritmo de leitura sintético e objetivo, carregado de complexas teorias e suposições sobre a constituição do tempo, que soam abstratas até para leitores que estudam ou trabalham na área de Exatas, o conto nos transporta para um Brasil prestes a ser reconhecido mundialmente através de uma experiência cujo objetivo é provar a inexistência do tempo. A quantidade de informações atiradas para o leitor, além dos fatos que compõem intrigante vida da professora Mansilha e sua obstinação pelo trabalho, cria uma realidade alternativa maravilhosamente verossímil e digna de ser comparada a credibilidade do mundo do livro As Fontes do Paraíso do já citado Arthur C. Clarke.

Em oposição à ficção científica soft temos o conto de realismo fantástico As Asas do Inca, onde a história de um imperador assombrado pelo medo da morte termina com uma ótima lição de moral. Ainda nessa mesma linha temos Nascidos das Profundezas, um dos meus contos preferidos, onde é possível observar uma apimentada antropológica durante o encontro de um povo miserável que habita o deserto e os visitantes de uma região mais rica da Terra. É interessante observar a linha tênue que separa os mundos onde os contos se passam, pois também Os Irmãos Siameses alimenta um cenário baseado na cultura latina, algo que enriquece a história dramática sobre a relação de dois irmãos fadados a convivência.

Outro conto de grande destaque é o Viagem Além do Absoluto, onde a escrita de Cristina nos faz flutuar diante de um mundo de fantasia e ficção científica sem limites! É com certeza um conto que nos remete imediatamente a fantasia absurda de Cosmicômicas, obra essencial para quem admira Ítalo Calvino, mas com um teor científico que coloca os leitores de ficção científica mais ferrenhos no chão. Um conto que gostei muito, tanto pela forma criativa de ter sido escrito, quanto pelo conteúdo e o final inesperado, foi o Os Parênteses da Eternidade, onde dois desconhecidos trocam cartas que viajam através do tempo, história ambientada em universo alternativo criado anos após a fantástica experiência de Cláudia Mansilha. Recomendo também a leitura do Caçadores de Anjos, onde Cristina Lasaitis utiliza mais uma vez da sua versatilidade como escritora e assim estrutura um cenário de fantasia medieval impecável.

Mais que uma coletânea de contos, Fábulas do Tempo e da Eternidade é um exemplo de que o Brasil tem potencial para publicar escritores de ficção em um nível superior ao de muitos países. Espero que assim como Cristina Lasaitis, muitos outros escritores surjam aí para mostrarem a qualidade e a criatividade do escritor brasileiro. Para mais informações sobre a autora e como adquirir o livro, acessem o Wordpress da mesma, abraços!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Elfos


Como estão meus caros leitores? Aguardando a chegada da FLIP ou ainda acompanhando o pequeno escândalo sobre a política homofóbica da Amazon.com? Hoje preparei um artigo sobre um tema já conhecido até por leigos em ficção, mas que surgiu pelo meu entusiasmo na leitura do terceiro volume da trilogia O Senhor dos Anéis; livro que infelizmente só estou tendo a oportunidade de ler agora. Queria aproveitar para avisar também que em breve estarei recebendo o primeiro volume do livro A Chave da Harmonia, do escritor Marcelo Salvaggio, para analisar e escrever uma resenha, além de anunciar minha entrada no blog Ambrosia, onde escreverei sobre diversos assuntos da cultura pop ao lado de outros parceiros convidados. É interessante observar que é mais uma porta aberta para divulgação de autores iniciantes e a difusão da literatura de fantasia e ficção científica.

Os elfos são figuras carismáticas e facilmente encontradas na mitologia e folclore escandinavos, nórdicos, germânicos e ingleses. Tornaram-se muito conhecidos, devido ao sucesso da adaptação cinematográfica da trilogia O Senhor dos Anéis, e consequentemente importantes dentro do imaginário da literatura fantástica e seus derivados: jogos eletrônicos, quadrinhos, jogos de RPG, filmes, etc. Muitos acreditam que foram inventados pelo próprio escritor J. R. R. Tolkien, ignorando as fontes mitológicas que o inspiraram na sua concepção para os elfos da Terra Média, no caso a mitologia nórdica acrescida da idéia dos valores cristãos.

Assim como fadas, gnomos e trolls, os elfos são pequenas divindades que habitam a natureza. Nela permanecem desfrutando sua infindável imortalidade e cultivando seu conhecimento sobre magia. Dominam também o uso de ervas mágicas, a leitura do mapa astral, conseguem viajar através de raios solares e podem atravessar portas e paredes. Sua aparência é semelhante ao do homem, porém distinguindo-se por sua beleza exuberante e jovialidade. Na mitologia nórdica, os elfos são descritos como semideuses ligados a idéia da fertilidade, assim como são os deuses Vanir. Classificados como "elfos da luz", foram relacionados ao Vanir conhecido como Freyr, deus nórdico do Sol. Mas quem seriam os elfos negros então? Seriam os anões na concepção do historiador islandês Snorri Sturluson, descritos como habitantes do mundo sob a terra e negros como a escuridão, ao contrário dos radiantes elfos da luz (os já falados Drows). Estes ainda eram descritos como amantes de banquetes regados a músicas alegres, vestiam-se com roupas verdes, possuíam olhos claros, cabelos prateados e orelhas pontudas como as dos duendes.

O folclore escandinavo difere da mitologia nórdica por possuir apenas elfas, habitantes das colinas e dos montes de pedras. Seu folclore criou uma série de costumes e crenças populares na Suécia, assim como temos a ferradura da sorte, o figo e o trevo de quatro folhas em nossa cultura brasileira. As älvor eram criaturas belíssimas e joviais, caracterizadas por mulheres loiras, vestidas de branco e que geralmente eram vistas dançando nos prados. Eram muito perigosas e podiam provocar doenças como vingança a provocações, por isso os escandinavos adquiriram o costume de gravar a cruz élfica em construções e objetos. Infelizmente a precaução não parava por aí, pois era necessário tomar cuidado com os anéis élficos: áreas circulares que podiam ser formadas por cogumelos onde as älvor estiveram dançando.

Os elfos ainda adotam um aspecto travesso e caricaturesco no folclore inglês. São descritos como pequenos seres de tendência caótica e que adoram pregar peças nos humanos. A obra de Shakespeare Sonho de uma Noite de Verão reforça o fato de "elfo" ser também sinônimo para "fada" ou ainda "encantado" (um ser mágico que habita as águas, o céu ou lugares sagrados).

Para os que ficaram curiosos ainda na concepção do elfo da Terra Média, o apêndice do livro O Retorno do Rei traz um breve resumo sobre eles, entretanto há um artigo completíssimo nessa página da Wikipédia em inglês. Espero que tenham gostado, abraços!

EIRPG 2009


Finalmente foram confirmados os dias no qual o EIRPG 2009 será realizado nesse ano. Muitos boatos afirmavam que o evento seria cancelado ou ocorreria dentro da programação do Anime Friends, um dos maiores eventos de anime da América Latina. Felizmente soube através dos companheiros do Ambrosia que o evento ocorrerá nos dias 4 e 5 de Julho e no mesmo local do ano passado, no caso o Colégio Marista Arquidiocesano, Vila Mariana. Só nos resta torcer para que ocorra também a Fantasticon 2009!