segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tengu

Ao contrário do que imaginava, o blog Falando de Fantasia está começando a crescer. Através do Google Analytics pude ver quantas exibições são feitas por dia e para meu espanto não são modestas. Até então criei a comunidade no Orkut, a fim de organizar alguns debates, mas agora, além disso, começarei a criar banners, com o intuito de divulgar o blog em outros sites experientes. Hoje, a pedido de um amigo meu, vou falar de uma criatura bizarra que saiu do folclore japonês, o Tengu!

Os Tengu (nome que significa cães celestiais) são criaturas sobrenaturais originárias do folclore japonês, possuindo traços budistas e xintoístas. Eles são bem conhecidos também como youkais (monstros-espíritos) e como shinto kami (espíritos e/ou deuses reverenciados). Eram tratados comos os protetores das montanhas e das florestas, embora fossem encaradas como demônios perturbadores diante o Budismo. No começo os tengu eram retratados como seres humanóides, com características de aves de rapina e grandes guerreiros das artes marciais, contudo isso mudou com o decorrer do tempo; seu bico deu lugar ao enorme nariz (que tem uma forte conotação cômica e sexual).

Acreditava-se que os tengu possuiam vários poderes sobrenaturais, entre eles a capacidade de mudar de forma, ventriloquismo, teletransporte e a habilidade singular de penetrar no sonho dos mortais. O tengu um guerreiro que busca causar desordem, castigando sacerdotes budistas que incorrem no pecado do orgulho, autoridades que usam seu poder ou sabedoria para adquirir fama e samurais que se tornavam arrogantes. Algumas fontes diziam que pessoas que apresentavam esse tipo de mau comportamento se tornavam tengu ao reencarnar. Os tengu antipatizam com aqueles que contrariam as leis do Dharma.

A termo "tengu" foi retirado do folclore chinês, de um monstro em forma de cão chamado tiângou, cuja aparência lembrava a de um cometa. O 23º capítulo do livro Nihon Shoki, escrito em 720, é tido como a primeira aparição do tengu na cultura japonesa. Nele conta que uma estrela cadente aparece e é identificada por um sacerdote budista como um "cão celestial". Agora é difícil dizer como um "cão celestial" pode se tornar um homem com traços de ave de rapina. Alguns estudiosos apoiam a teoria de que a imagem do tengu tenha sido baseada na da entidade hindu Garuda. As lendas sobre o Tengu eram particularmente fortes nos arredores do Monte Kurama, onde acreditava-se que ficava a morada do grisalho Sojobo, o rei dos tengu.

Existem lendas que misturam a ficção com a história verídica, é o caso do general Minamoto no Yoshitsune, que supostamente foi um dos alunos do rei dos tengu e com ele teria aprendido habilidades mágicas de esgrima. Outras ainda descrevem encontros entre tengu e o daimyo Kobayakawa Takakage, que teria conversado com um outro rei dos tengu ao pé do Monte Hiko. O papel do tengu mudou drasticamente com o passar das dinastias. Ele já foi tido como o demônio da raiva, possuidor de mulheres, fantasmas da arrogância, sequestrador de crianças e até protetor de crianças perdidas (!).

É fato que é uma das criaturas mais curiosas do folclore nipônico. Para quem deseja saber mais, há um artigo mais do que completo no Wikipédia (em inglês, é claro). Até a próxima, logo postarei alguns banners por aqui.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sereias

Aproveitando o embalo da leitura de Odisséia e uma viagem de curto período no litoral, no qual eu retornei Quarta-feira passada, vou aproveitar para falar sobre as sereias, seres que nunca me despertaram nenhum interesse, mas que possuem seus encantos e mistérios, pois atingem uma grande gama de folclores, chegando até mesmo ao brasileiro.

Na Antiguidade, segundo a mitologia grega, as sereias eram seres metade mulher e metade pássaro (sendo confundida ou até chamada de hárpia); na Idade Medieval passaram a serem tratadas como híbridos de mulher e peixe (surgindo essa nova concepção primeiramente nas lendas nórdicas). É possível que o mito tenha surgido devido aos sirénios, animais com características bem próximas as das sereias nórdicas. Na mitologia grega elas habitavam os rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália, e era fato que durante muito tempo acreditou-se que as sereias eram histórias concretas e não lendas. Eram conhecidas principalmente pelo seu canto, que atraíam homens e os levavam à morte no fundo no mar junto de seus navios, que colidiam com os rochedos. Ulisses pôde se salvar desse perigo no livro Odisséia, onde tapou os ouvidos dos seus marinheiros com cera e se amarrou ao mastro do navio. Desde então às sereias foram atribuídas a sensualidade e a atração feminina.

Segundo algumas crônicas, no ano de 558, alguns pescadores da Irlanda do Norte ouviram o canto de uma sereia e foram pescá-la com suas redes. Conseguiram resgatar uma sereia que se chamava Liban, filha de Eochaidh, na praia de Ollarbha, na rede de Beon, filho de Inli. Colocaram-a em um aquário, do mesmo modo que um peixe, e ali ela permaneceu por durante 300 anos. Durante esse tempo ela desejou ardentemente por sua liberdade. Uns monges piedosos resolveram libertá-la, mas antes a batizaram segundo o rito cristão, dando-lhe o nome de Murgen, que significa "nascida no mar". Depois ela passou a desejar sua morte, a fim de salvar sua alma. Desde o dia em que morreu passou a ser conhecida como a Santa Murgen, aparecendo com essa denominação em certos almanaques antigos e no santoral irlandês, sendo atribuídos à ela vários milagres. É estranho acreditar que existe uma sereia que é santa, são raros os casos que existe um cruzamento entre o paganismo e o cristianismo.

Em algumas descrições célticas antigas, as sereias tinham um tamanho monstruoso, apresentando quase dezoito metros de altura. Essas medições foram possíveis porque elas penetravam pelos rios e ainda assim podiam ser encontradas em lagos de água doce.

As sereias, dentro de suas múltiplas habilidades também podem trocar de forma. A sereia-hárpia personifica as tempestades e a morte, sendo encarregada de raptar os seres humanos para logo oferecê-los ao deus do inferno; diferente das sereias convencionais. Esse ser se mantém até o século XII nas representações das igrejas romanas.

Há também, alguns relatos que uma sereia pode desintegrar sua cauda de peixe e converter-se em uma mulher de aspecto completamente humano. Para Nancy Arrowsmith, quando viajam pelo mar, só podem tomar a forma de mulher-peixe ou golfinho e se o fazem pelo ar, aparecem como gaivotas ou águias. Sua altura habitual é de um metro e meio. São muito belas e adoram jóias e pedras preciosas. Como o resto das fadas, as sereias dormem durante todo o dia e somente é possível vê-las ao amanhecer ou no pôr-do-sol.

As sereias se encontram em todo o litoral do Mediterrâneo espanhol, mas também no Atlântico (aparecendo na costa brasileira também), pois seus principais palácios estão próximos das ilhas Açores. Raras vezes são encontradas em mar aberto, pois gostam de aproximar-se das desembocaduras dos rios e das rochas da costa.

O pente de ouro e o espelho são seus atributos mais comuns, mas em algumas partes da Europa também usam um véu, um bolso e um cinturão. A posse de qualquer desses objetos permite ter o controle sobre a sereia, podendo inclusive casar-se com ela. Dentro de suas características genéricas estariam o dom da profecia (que lhes permite proferir maldições), o encanto de sua voz (que lhes permite hipnotizar através dela) e a necessidade de possuir uma alma e filhos.

Muitas são as lendas (Livro de Enoch) que dizem que as sereias tem sua origem no mundo humano, nos dando a comprovação da maldição proferida por uma mãe à sua filha. Seriam as sereias, nada mais do que mulheres humanas em sua origem, mas que acabaram convertidas em espíritos da natureza. Esse fato seria bastante significativo, pois explicaria várias de suas reações: buscam o contato com o homem para casar-se com ele ou para matá-lo, buscam possuir uma alma que perderam quando passaram para esse estado sobrenatural, podem converter-se com facilidade em mulheres com membros e aspectos humanos, não manifestam nenhuma aversão aos símbolos cristãos e sua estatura é maior que das outras fadas.

O francês Benoít de Mallet publicou no ano de 1755 uma volumosa obra dedicada às sereias, onde recolheu todo o tipo de lendas relacionadas com elas, chegando a conclusão que eram seres de uma raça humana primitiva, praticamente desaparecida, assinalando sua presença desde a Terra do Fogo até Madagascar.

No folclore brasileiro temos a presença da sereia Iara, também conhecida como Mãe D'Água, que era uma índia guerreira que depois de matar seus irmãos, é jogada pelo seu pai no encontro do rio Negro com o rio Solimões, e assim, com ajuda dos peixes e da Lua, é transformada em sereia. É engraçado que o conteúdo sobre sereias é imenso, ao contrário do que eu imaginava. As lendas espanholas são inúmeras e faltou espaço para colocar alguns relatos de marinheiros e pescadores, mas acredito que o conteúdo aqui apresentado é o suficiente para qualquer escritor ter a mente um pouco aberta sobre essa criatura mitológica.

Espero que tenham gostado e que esse texto não tenha se tornado extenso demais, até a próxima!

sábado, 20 de outubro de 2007

Comunidade no Orkut

Para todos aqueles que desejam ultrapassar as barreiras do Blog para debater sobre fantasia, mitologia, mitos, contos e grandes escritores, aqui está o link da comunidade oficial do Falando de Fantasia no Orkut. Espero que essa atitude não tenha sido precoce e que seja bem recebida pelos leitores desse modesto Blog.

Até mais!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Odisséia

Mitologia grega é uma das principais fontes de conhecimento para quem gosta de escrever fantasia, pois além de ser mais acessível que outras mitologias, é rica na questão filosófica da coisa. Deuses caóticos, palavras que valem mais do que ouro, honra, traição, ambigüidade e atos heroícos realizados por amor ou amizade. Esses são alguns elementos de muitas histórias que compõem esse imaginário greco-romano que marcou profundamente a história da humanidade.

Um grande poeta grego que registrou em palavras essas lendas e aventuras foi Homero. Ninguém sabe ao certo quem ele era, se realmente existira e se realmente escrevera seus épicos, mas é compreensível dizer que Ilíada e Odisséia foram obras que atravessaram o tempo e servem ainda hoje como referência literária. Destes dois, o que eu li e gostei mais, tanto pela abundância de aventuras, descobertas e seres fantásticos, foi Odisséia, livro que dá continuidade a guerra de Tróia.

Odisséia narra as desventuras de Ulisses (no grego Odisseu), quando este ao sair de Tróia, depois de vencida a guerra, regressa à sua Ítaca. Ao contrário de seus companheiros de guerra, Ulisses não retorna de imediato, pois uma tempestade o envolve e os tira da rota. É então o começo das aventuras de Ulisses, pois por cada ilha que acaba tendo de passar existe algum tipo de perigo a ser superado, como sereias, ciclopes, feiticeiras, monstros, tempestades e principalmente a fúria de Poseidon (e nem todos desafios são superados sem alguma perda, pois muitos marinheiros a serviço de Ulisses morrem, não sobrando nenhum no fim das contas, e muitos navios são destruídos, restando a Ulisses apenas restos de madeira). Enquanto isso, em Ítaca, muitos pretendentes, ao verem que possivelmente o rei não voltaria mais, aproveitam a situação para tentarem desposar a rainha Penélope.

Telêmaco, herdeiro de Ulisses, é jovem e sem treinamento nenhum (pois seu pai ficara ausente durante 20 anos em meio a guerra e aos acontecimentos que interromperam seu retorno), por isso é obrigado a assistir os pretendentes gastando toda a fortuna de Ulisses em grandes banquetes e bebidas. Laerte, pai de Ulisses, é velho demais para combater, por isso sofre e é obrigado a morar no campo.

Ulisses, que ao final de sua viagem foi confinado na ilha de Calipso, recebe a ajuda de Atenas e começa uma jornada de volta para casa, infelizmente o irado Poseidon ainda tenta atrapalhar seus planos. Com um barco feito de maneira rústica, Ulisses consegue atingir a ilha dos Feaces, cujo rei o recebe muito bem, e de lá chega por fim a sua pátria, Ítaca. Lá se vê obrigado a planejar sua vingança de maneira cautelosa, pois o número de pretendentes é grande, é então o início de um combate nas escondidas em busca do trono perdido.

É importante ressaltar que ainda hoje Ulisses simboliza o homem que busca superar inúmeros desafios em busca do que deseja. Livro recomendado para todos que desejam entender um pouquinho mais sobre o universo mitológico greco-romano; se não tiverem paciência para ler a versão original, dividida em 24 cantos, leia alguma adaptação primeiramente, valerá a pena do mesmo jeito.

Vazio

Aqui está minha primeira tentativa de escrever um conto, como quase ninguém o leu, e quem o fez não deu muito bola, vou aceitar de bom grado algumas críticas e sugestões. Como não tenho o que dizer a respeito de mim, desejo apenas uma boa leitura!

Vazio

A espada vermelha descansou na relva verde e macia. Roan, um mercenário reverenciado por sua sagacidade e braveza, estava reduzido a um pequeno homem, não em seu físico, mas em sua mente. Sentia que seu cérebro estava oco.

Sua vida era um mar de sangue, o que veio a apelidá-lo de "O Rubro". Sua rotina era reduzir castelos a cinzas, desfigurar guerreiros imortais, vingar reis furiosos e caçar seres inimagináveis, isso já por mera diversão. No entanto, bem no fundo de sua alma cor de rubi, sentia que havia algo de errado. Um vazio. Sim! Um vazio havia brotado em seu peito. Tristeza? Não, ele era um homem que sobrevivera incontáveis invernos, um homem temido por reinos, um semideus da guerra, um vencedor.

Sua cabeça se retorcia, buscando respostas que ali não estavam. Talvez se ele não tivesse dado ouvidos ao seu pai e tivesse aproveitado melhor sua juventude. Mas só “talvez”.

Roan sentiu nojo de suas armas. Sua espada que cortara centenas de pescoços, seu escudo que espremera tantos crânios e seu machado, que não tivera pena em retirar de muitos homens suas pernas e braços. Então um lapso final trouxe a memória de Roan um certo acontecimento que sempre evitava: a morte de uma família inteira através de suas mãos embriagadas. Uma morte desesperada e incontrolável, onde seu punho quebrou costelas como se fossem biscoitos.

Ira, raiva e medo. Angústia praguejada pelos deuses. Seria essa torrente de pensamentos um feitiço? Alguém o desejava morto? Muitos o desejavam. Muitos. Afinal, Roan era um mercenário, mutilava qualquer um a troco de moedas, virgens e terras. Não tinha tempo para amizades, muito menos para o amor. Mesmo odiando seu trabalho, não tinha escolha, só sabia manejar armas brancas. Ou era isso ou se tornaria um açougueiro, um fétido açougueiro. Seria motivo de chacota para todos que o desprezavam. "Lá vai o Roan, banhado de sangue de boi, contaminado por fezes de porco! Vai lá, grande pútrido Rubro".

O amor o teria salvado de tudo isso. Se tivesse dado mais tempo ao tempo. Se tivesse reparado nos olhares de Licya. Se tivesse pensado da mesma forma que estava pensando agora! "Inúteis reflexões que avisam a gente quando a vida já passou por cima!”.

Levantou-se, odiando mais do que tudo ele mesmo, desejando que esse sentimento, chamado arrependimento, fosse apenas uma ilusão e que não o levaria a lugar algum; fingiu que tudo estava bom para ocultar sua consternação. Seguiu adiante, procurando a próxima taverna. Queria agora encher um pouco a cara e espancar alguns maltrapilhos.

- Cezar Berger Junior

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Quimera

Há muito pouco a ser falado sobre a quimera, de certo modo não foi um ser mitológico que inspirou muitos escritores e artistas, mas tem sua devida importância na mitologia.

Na mitologia grega, era um fabuloso monstro com cabeça de leão, torso de cabra, cauda de dragão e que soltava fogo pela boca. Era oriunda da Anatólia, nascida da união entre o monstro Equidna (criatura metade mulher e metade serpente) e o gigantesco Tífon.

Outras lendas a fazem filha da hidra de Lerna e do leão de Neméia, ambos mortos por Hércules. A quimera foi criada pelo rei de Cária, sendo que mais tarde assolaria este reino e o de Lícia com o fogo que cuspia incessantemente, até que o herói Belerofonte, montado no cavalo alado Pégaso, dado por Atena, conseguiu matá-la. Sua representação plástica na arte cristã medieval era um símbolo do mal, mas com o passar do tempo, passou a se chamar de quimera todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica.

Hoje, no nosso português, a palavra quimera significa produto da imaginação, fantasia, utopia, sonho. Já na Alquimia, uma espécie de mistura de química com misticismo, a palavra "quimera" é designada a uma espécie de criatura, que é uma fusão de um homem e um animal, que pode ser criada artificialmente através de certos experimentos bizarros (isso é bem apresentado no anime Full Metal Alchemist, talvez a única criação fantástica que use tal monstruosidade).

Espero que tenham gostado! E logo vem mais bestas!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Centauros

Apenas para dar volta a sessão "bestiário", falaremos um pouco sobre os centauros, seres tão comuns ao imaginário da literatura e do cinema, mas de uma origem desconhecida pela maioria.

Na mitologia grega, os centauros eram seres fortes e brutais, metade homens e metade cavalos, filhos de Ixíon (ou Ixiom, ou ainda Ixão), rei dos lápitas, e de Néfele, a nuvem de chuva, à exceção de Folo de Quíron (ou Quirão), que tive outra origem e caráter menos selvagem, porém eram a personificação das forças naturais desenfreadas, da devassidão e embriaguez.

Monstros que representavam a identificação do ser humano aos instintos animalescos, seu mito foi, possivelmente, inspirado nas tribos semi-selvagens que viviam nas zonas mais agrestes da Grécia e sua história mitológica quase sempre associada a episódios de barbárie. Viviam nos bosques das planícies da Arcádia e dos montes da Tessália e teriam lutado contra Hércules, que os teria expulsado do cabo Mália. Durante as bodas de Pirítoo, rei dos lápitas, depois de embriagados com vinho, os centauros teriam tentado raptar sua noiva, gerando uma terrível batalha que terminou com alguns mortos pelo lápitas e outros que conseguiram fugir. Cenas da batalha entre os lápitas e os centauros foram esculpidas em baixorrelevos no friso do Partenão, que estava dedicado à sábia Atenea.

Diferentemente dos outros, Folo de Quírion foi instrutor e professor de Aquiles, Heráclito, Jasão e outros heróis. Nos tempos helênicos se relacionavam freqüentemente com Eros e Dioniso e durante o Renascimento, talvez para realçar seu caráter bestial, em suas representações só o busto era humano.

Na iconografia cristã os centauros aparecem como bestas infernais, tentadoras de donzelas. Centauros aparecem em alguns livros de fantasia como a série Harry Potter e as Crônicas de Nárnia.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Piratas

Piratas! Sim, eles sempre me fascinaram, antes mesmo de assistir Piratas do Caribe. Tudo começou com uma breve leitura d'A Ilha do Tesouro e d'As Aventuras de Tom Sawyer, dando uma volta por Peter Pan e terminando com as inúmeros estórias que ouvia sobre Barba Ruiva ou Barba Negra. Os piratas passaram a ser uma curiosidade mundial depois da vinda trilogia Piratas do Caribe, onde eles era mais que bandidos, eram heróis geniosos, destemidos e beberrões (isso sempre foi uma verdade)! Essa curiosidade só tende a aumentar pelo simples fato de que não encontramos muitos livros (acessíveis ) que contem como era o trabalho sujo desses lobos do mar; a mitologia então? Melhor não comentar! A aparição de Davy Jones e Kraken só me deixaram alucinado por querer ouvir mais daquelas lendas que podem se equiparar a qualquer outra mitologia.

Buscando pela internet, achei um artigo (e foi difícil), ainda que do Wikipédia, para dar uma introdução sobre os piratas. Vou tomar partido de procurar livros que me recomendaram e postarei aqui algumas lendas, sendo que a do Kraken foi postada nem no começo do blog. Leiam, apreciem e anseiem por mais um gole de Rum!

O primeiro a usar o termo pirata para descrever aqueles que pilhavam os navios e cidades costeiras foi Homero, na Grécia antiga, no seu livro Odisséia. Eles navegavam nas rotas comerciais com o objetivo de apoderarem-se das riquezas alheias, que pertencessem a simples mercadores, navios do estado ou povoações e mesmo cidades costeiras, capturando tudo o que tivesse valor (metais, pedras preciosas e até bens) e fazendo reféns, para extorquir resgates. Normalmente esses reféns eram as pessoas mais importantes e ricas para que, assim, o pedido de resgate pudesse ser mais elevado

Primeiramente a pirataria marítima foi praticada por gregos que roubavam mercadores fenícios e assírios desde pelo menos 735 a.C. A pirataria continuou a causar problemas, atingindo proporções alarmantes no século I d.C., quando uma frota de mil navios piratas atacou e destruiu uma frota romana e pilhou aldeias no sul da Turquia.

Na Idade Média, a pirataria passou a ser praticada pelos normandos (que atuavam principalmente nas Ilhas Britânicas, França e Império Germânico, embora chegassem mesmo ao Mediterrâneo e ao mar Morto), pelos muçulmanos (Mediterrâneo) e piratas locais. Mais tarde esta difundiu-se pelas colônias européias, nomeadamente nas Caraíbas, onde os piratas existiam em grande quantidade, procurando uma boa presa que levasse riquezas das colônias americanas para a Europa, atingindo a sua época áurea no século XVIII.

Do fim do século XVI até o século XVIII, o Mar do Caribe era um terreno de caça para piratas que atacavam primeiramente os navios espanhóis, mas posteriormente aqueles de todas as nações com colônias e postos avançados de comércio na área. Os grandes tesouros de ouro e prata que a Espanha começou a enviar do Novo Mundo para a Europa logo chamaram atenção destes piratas. Muito deles eram oficialmente sancionados por nações em guerra com a Espanha, recebendo uma carta de marca do governo e sendo chamados de corsários, mas diante de uma lenta comunicação e da falta de um patrulhamento internacional eficaz, a linha entre a pirataria oficial e a criminosa era indefinida.

As tripulações de piratas eram formadas por todos os tipos de pessoas, mas a maioria deles era de homens do mar que desejavam obter riquezas e liberdades reais. Muitos destes eram escravos fugitivos ou servos sem rumo. As tripulações eram normalmente muito democráticas: o capitão era eleito por ela e podia ser removido a qualquer momento. Eles preferiam navios pequenos e rápidos, que pudessem lutar ou fugir de acordo com a ocasião. Preferiam o método de ataque que consistia em embarcar e realizar o ataque corpo-a-corpo. Normalmente, não tinham qualquer tipo de disciplina, bebiam muito e sempre terminavam mortos no mar ou enforcados, depois de uma carreira curta, mas transgressora.

No auge, os piratas controlavam cidades insulares que eram paraísos para recrutar tripulações, vender mercadorias capturadas, consertar navios e gastar o que saqueavam. Várias nações faziam vista grossa à pirataria, desde que seus próprios navios não fossem atacados. Quando a colonização do Caribe tornou-se mais efetiva e a região se tornou economicamente mais importante, os piratas gradualmente desapareceram, após terem sido caçados por navios de guerra e suas bases terem sido tomadas. Alguns piratas ficaram com o seu nome na história, tal como Edward Teach, mais conhecido por Barba Negra. Mas, a pirataria não era só um problema europeu e americano: as embarcações de Xangai até Singapura, do Vietnã ao Japão e à China, e até as embarcações não muçulmanas da costa norte de África eram alvos de corso (sinônimo de pirataria).

Atualmente, a pirataria revela-se mais incidente no sudeste asiático e ainda nas Caraíbas, sendo os locais de ataque espaços entre as ilhas, onde os piratas atacam de surpresa com lanchas muito rápidas.

Os únicos sites que poderei recomendar são estes:

Tudo a pirataria (história e biografia dos principais piratas)
A vida dos piratas (formato de Wikilivro)

Pra quem gosta de jogos e quer se sentir na pele de um pirata, recomendo Skies of Arcadia. Espero que tenha gostado, até a próxima!