sexta-feira, 30 de maio de 2008

Tyger e algo sobre cinema nacional de fantasia

Seria esse artigo sobre uma lenda? Bom, sei que o mito do cinema brasileiro dentro do gênero de fantasia pode ser mais cabeludo que muitas coisas que já vimos por aqui. Um colega da Escritores de Fantasia comentou a falta que é a ficção de gênero dentro do cinema brasileiro, nem ao menos existindo adaptações corriqueiras. Muitos argumentam que o cinema nacional é repleto de filmes sobre criminalidade, violência, uma comédia romântica aqui e milhares de filmes da Xuxa e do Didi lá. Tudo bem, isso não deixa de ser uma verdade, mas é claro, devemos saudar a qualidade de certos filmes, como Cidade de Deus ou Cama de Gato. A culpa da pouca exploração de outros ramos no cinema pode dever-se ao baixo orçamento em que estamos restritos no Brasil, sem contar que nossa tecnologia em produção de efeitos especiais, indispensáveis em certos casos ( já imaginou O Senhor dos Anéis sem eles?), é muita fraca. Se quiser comprovar com os próprios olhos, basta dar uma olhada nesse trecho da novela de ficção científica Caminhos do Coração (hahaha, apelo mesmo).

Não sou especialista em cinema, estou longe disso, entretanto sei as dimensões que nosso cinema pode atingir em determinados ramos e sei também seus pontos fracos, no caso produções que exigem grande orçamento. Todavia, é claro, para tudo há uma saída. Como já disseram para mim, deixem os americanos com seus filmes repetitivos recheados de efeitos e fiquemos com a criatividade dos filmes franceses, italianos, brasileiros, entre muitos outros. Às vezes é mais interessante ter uma saída bem sucedida com uma produção mais artesanal, uma fotografia mais elaborada e um filme, pelo seu todo, com uma idéia mais visionária. Apesar de não serem filmes, as mini-séries Hoje é Dia de Maria e Pedra do Reino estiveram aí para mostrar como é eficaz ter na estrutura de uma filmagem bons profissionais; o mundo fantástico criado em ambos, com a utilização de bonecos, paisagens extravagantes, situações que remetem à nossa cultura, a ligação com o folclore tupiniquim, mostra que é possível mexer com o imaginário de qualquer pessoa, sem usar tantos meios gráficos para tal.

Seguindo recomendações do caro André Vianco, pude assistir um curta-metragem chamado Tyger (filme tão brilhante que me obrigou a fazer esse texto). Dirigido por Guilherme Marcondes, o curta, que é baseado no poema The Tyger de William Blake, fez considerável sucesso não só por aqui, como no exterior também. Reparem que na produção do filme é facilmente reconhecível aquele estilo brasileiro de fazer arte! Já o outro vídeo se trata do trailer do filme A Última Partida, baseado em conto de André Vianco e dirigido pelo mesmo. É excitante ver como ainda há pessoas que acreditam nessa vertente. Para os mais interessados, a Fantasticon desse ano contará com uma palestra sobre curtas e longas de ficção científica, terror e fantasia, o intuito é incentivar a criação de filmes do gênero a partir de uma iniciativa independente; bom, mas isso é outra história. Fiquem agora com os dois vídeos, qualquer sugestão ou reclamação é só comentar, até a próxima!



segunda-feira, 26 de maio de 2008

Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas, um clássico que há mais de cem anos vem encantando pais e filhos no mundo todo e que ao contrário do que muitos dizem, foi uma obra direcionada não apenas para os nossos pequeninos. A tão conhecida história que narra as aventuras de Alice através de um mundo mágico e cheio de seres mágicos foi eternizada pelo lindo longa-metragem dos estúdios Disney: filme que fez com que o universo surreal de Lewis Carroll se espalhasse pelos quatros cantos do mundo, chegando até mesmo a ofuscar a ótima obra literária por trás de tudo.

O livro conta a história da pequena e adorável Alice, que enquanto estava no parque cuidando de sua irmã, foi surpreendida por um coelho branco que acaba por cruzar seu caminho. Aparentemente era apenas um coelho normal, porém Alice o ouve dizendo “Ó como estou atrasado! Tenho que correr!”, isso logo após ter verificado as horas em um relógio de bolso, guardando este em sua pelagem. A pequenina, descrente do que viu, segue o misterioso coelho até uma minúscula toca rente a uma árvore. Assim começa uma história magnífica e encantadora. Ao adentrar a toca, Alice perde de vista o apressado coelho e se depara com uma sala com portas de diversos tamanhos, algumas grandes demais e outras pequenas demais. Repentinamente o apressado coelho surge correndo entre uma das portas da sala, na pressa ele acaba deixando cair seu par de luvas brancas. A prestativa Alice tenta devolvê-las, mas o coelho já havia partido. Sem saber o que fazer, Alice começa a fuçar as portas, por fim encontra uma minúscula portinhola que lhe dá a inacreditável vista de um belo jardim.

A garota ficou encantada e resolveu ir até o tal jardim, todavia percebeu que era muito maior do que a portinhola. Olhando ao redor da sala Alice notou uma mesa de vidro com uma pequena fatia de bolo rotulada COMA-ME. Depois de comer o pedaço de bolo, surpreendentemente ela se viu crescendo muito, chegando ao ponto de quase tocar no teto da sala. Nessa altura pôde observar que sobre a mesma mesa havia ainda uma chave. Pelo seu tamanho desta julgou que deveria pertencer a portinhola, entretanto e agora? Alice tinha 3 metros de altura ou mais!

Chateada e amedrontada com todas aquelas maluquices, a menina começa a chorar. Devido ao seu tamanho, suas lágrimas são tão grandes que em minutos cria uma poça de água salgada, ao prestar atenção novamente a mesa, a menina nota que há agora um pequeno frasco com uma etiqueta BEBA-ME. Assim como o bolo misterioso fez com que Alice mudasse de tamanho, o conteúdo do frasco também, mas dessa vez a garotinha encolheu até perceber que estava nadando em meio a poça de suas próprias lágrimas. Para não se afogar, Alice seguiu nadando até a borda da poça, vendo ao longo do trajeto vários animais que ficaram presos em suas lágrimas, como patos, ratos e sapos. Estes, ao saírem do "mar", começam uma louca reunião na qual Alice apenas observa intrigada. Com o fim da reunião, nossa amiguinha é deixada sozinha, desta vez notando que está pequena demais para alcançar a chave que esqueceu sobre a mesa. Quando volta a escutar a voz do apressado coelho, que enfim retorna atrás de seus pertences perdidos, Alice não perde a chance e o segue até sua casa. Chegando lá encontra a casa aberta e se enfia através dos quartos a procura de algo, a menina que ainda estava minúscula acha um novo pedaço de bolo e acaba por comê-lo, dessa vez crescendo tanto que fica entalada na casa do coelho, com o braço para fora da janela e as pernas encolhidas. Isso acaba gerando um grande tumulto na região, assim o coelho branco decide mandar que seus empregados encontrem uma solução. Espantando os empregados do coelho, Alice por ventura volta ao seu tamanho normal, saindo de fininho para que ninguém a visse.

Em sua fuga permitiu que Alice pudesse encontrar figuras mágicas (e lendárias para nós, amantes de fantasia) como a Lagarta, que a instrui sobre os lados do cogumelo que podem fazer com que ela cresça ou diminua, e o famoso Chapeleiro, que por uma briga do tempo, realizava seus chás sem previsão de um fim! Após o estranho encontro com o Chapeleiro, Alice consegue adentrar o lindo jardim, lá ela vê estranhos homens com corpos de cartas de baralho. No momento aqueles homens estavam pintando roseiras brancas de vermelhas. Alice, curiosa, os interroga do motivo que os levou à isso. Os homens explicam que a rainha, amante da cor vermelha, cortava a cabeça de todos que a contrariavam, por isso estavam pintando as roseiras com a sua cor favorita. Nesse momento a tão temida rainha surge e se aproxima deles acompanhada do rei, dos soldados e do próprio coelho branco. A rainha convida Alice para uma partida de críquete, mandando ainda assim que cortassem a cabeça dos homens pintores!

Alice joga a partida de críquete mais maluca de sua vida, pois os arcos eram cartas, que de tempo em tempo saiam dos seus lugares, os tacos eram flamingos preguiçosos e as bolas ouriços que não paravam quietos para que fosse possível acertá-los. Fora isso, qualquer jogador que atrapalhasse a vez da Rainha era simplesmente condenado a perder a cabeça! Entretanto no meio do jogo o Gato sorridente aparece e acaba sendo condenado pelo rei à perder sua cabeça. Porém o carrasco questiona o rei, alegando que não podia decepar uma cabeça que não possui um corpo (o Gato e seus truques). Alice é então encarregada de achar uma solução para essa dúvida, contudo o julgamento que sucederá irá conter mais coisas absurdas e malucas.

Bem pessoal, talvez eu tenha me alongado muito sobre a história da pequena Alice, mas deixarei sem o final, para que os mais interessados em ler ou ver o filme descubram o que acontece adiante. E pra complementar essa loucura toda, deixo aqui também o trailer do mágico e psicodélico longa-metragem da Disney:

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Labirinto do Fauno

O Labirinto do Fauno é mais um filme do diretor Guillermo Del Toro, lançado em 2006. Sendo considerado por muitos cinéfilos como o melhor filme do ano, conseguiu emocionar diversos públicos do mundo, conquistando por fim um Oscar e um Globo de Ouro. Eu sinceramente acho que é pouco para um filme tão maravilhoso e com um roteiro tão original, já que só podemos esperar por adaptações se depender do cinema mainstream americano. A história se passa em 1944, período onde várias linhas fascistas estavam sendo varridas pelos rebeldes republicanos na Espanha, mais especificamente durante a ditadura de Franco. Ofelia é a protagonista da trama, uma jovem amorosa de 10 anos, amante dos livros de contos de fada. Ela perdeu seu pai na guerra, passando então a viver apenas com sua mãe, grávida de seu irmãozinho, e seu padrasto Vidal, um sádico capitão fascista que age em nome de Franco.

Tudo começa quando Ofelia e sua mãe são obrigadas à ir morar na casa onde Vidal e outros soldados mantém um posto de vigilância contra a resistência republicana. A inocente Ofelia transforma o clima assustador da antiga casa no começo de um belo conto fantástico. Guiada por uma fada, que surge em forma de inseto, ela caminha até encontrar um antigo labirinto de pedras, este a leva até um local subterrâneo adornado de estatuetas e desenhos enigmáticos. Lá conhece uma criatura misteriosíssima, de muitos nomes antigos, alguns já até esquecidos. Essa criatura adota por fim o singelo nome: Fauno. Ofelia, amedrontada, ouve a história que o velho Fauno tem a lhe contar sobre seu suposto passado em forma de uma princesa que vivia no mundo subterrâneo; ele ainda acrescenta: Ofelia poderia voltar ao seu reino se completasse três tarefas. Assim para completá-las, Ofelia recebe também um livro em branco com o qual poderá ver a próxima tarefa a ser executada, porém sendo necessário estar só para isso.

O universo que Guillermo Del Toro cria ao longo do filme é sombrio e intenso em peculiaridades. Cada um, ao final do filme, pode estabelecer uma conclusão própria, já que a lacuna que o final deixa é preenchida de acordo com a visão de vida que cada um possui. Eu, por exemplo, sou obrigado a dizer que chorei com o final, hahahahahaha, enquanto minha namorada ficou apenas me zombando! O Labirinto do Fauno é um filme que mexeu mesmo com muita gente, pois ele trata com a devida sensibilidade o mundo de fantasia que somos obrigados a criar como refúgio da realidade cruel e fria. Vidal se tornou, por exemplo, um dos piores e mais cretinos vilões que já vi no cinema! Ele demonstra toda a frieza e desumanidade que cada dia cresce mais no mundo, isso em contraste com frágil Ofelia, que representa todos aqueles que buscam e acreditam em seus sonhos, mesmo sendo oprimidos e injustiçados. A maior sacada do filme é mostrar à quem assiste que até as mais feias criaturas mágicas, como o próprio Fauno, são lindas e amáveis perto dos verdadeiros monstros, como o capitão Vidal. A atmosfera do filme se torna a cada instante mais profunda, recheada de metáforas e influências que tornam a história filosófica, política, inocente e ao mesmo tempo crítica; tudo a ser digerido em diversos níveis de públicos. Eu sinceramente duvido que alguém se atreva a dizer que O Labirinto do Fauno é um filme fraco...

Fazia tempo que não assistia algo tão comovente, por isso essa é a recomendação da semana, do mês, do ano, do milênio, quem sabe? Aproveitem que o filme é encontrado em quase todas as locadoras e não é nem um pouco disputado! Sério galera, acreditem em seus sonhos, pois mesmo que tenham de sacrificar suas vidas por isso no final valerá a pena. Fiquem agora com o trailer do filme, até a próxima!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Protegendo suas obras intelectuais

Este blog está licenciado sobre o nome de Cezar Berger Junior, sendo alguns direitos vedados ao público, necessitando estes então de uma autorização prévia no caso do uso de algo extraído exclusivamente do Falando de Fantasia. Bonito discurso não? Mas é a verdade, pois recentemente, através da Escritores de Fantasia, mais especificamente através do caro colega Jacques Waller Barcia, descobri como licenciar obras intelectuais sem a necessidade de pagar por isso. Esse foi mais um feliz passo que consegui dar com o blog, proporcionando assim maior segurança e diminuindo meu receio de ter de encarar futuramente plágios em cada esquina.

A Creative Commons foi fundada em 2001 e em 2002 começou a atuar com a distribuição de licenças gratuitas, desde lá passou a crescer mais e mais, atingindo diversos países, assim como o Brasil. O projeto da Creative Commons teve tanto sucesso e repercussão que abrage inúmeras obras intelectuais, como textos, imagens, áudio, quadrinhos, sites, blogs, livros, entre outros. Até a famosa banda Nine Inch Nails já licenciou alguns álbuns musicais dessa forma!

Bom, o que posso dizer aqui é que recomendo aos leitores, que muitas vezes escrevem e colocam suas criações de maneira crua na internet, que licenciem suas obras o quanto antes! Infelizmente é o único método de se prevenir contra futuros problemas de posse intelectual. Espero que aproveitem a oportunidade, até a próxima.

domingo, 18 de maio de 2008

Neil Gaiman na FLIP

Perdoem-me pelo atraso na postagem aqui no blog, mas é que fiquei doente bem no dia em que ia agraciá-los com essa novidade, que já nem é mais tão nova assim. Paraty, em Julho, irá cediar a Festa Literária Internacional, mais conhecida como FLIP. Tudo bem, tudo bem, a FLIP nem é tão aguardada pelos leitores de ficção, pois nunca deu a devida atenção à literatura de gênero, contudo o evento desse ano será uma exceção.

Neil Gaiman, que já esteve na terra tupiniquim em 2001 ao lançar O Livro dos Sonhos, virá para lançar pela editora Conrad a coletânea Coisas Frágeis. Não quero nem imaginar o tamanho da fila de autógrafos. Enfim, para os cariocas será dia de festa, mas para os paulistas a coisa muda de face, pois justamente nos dias em que ocorrerá a FLIP, acontecerá um dos eventos de ficção mais esperados do ano: a Fantasticon! Ou melhor dizendo, a situação se resumirá em "ser ou não ser".

Enfim, que venha Gaiman!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Anansi

Aos fãs de Neil Gaiman, esse artigo pode ser mais interessante do que parece. Anansi é simplesmente um dos mais importantes deuses/heróis da cultura afro-americana, sendo ao longo do tempo difundido através de muitas lendas na América do Norte e América Central. Sua aparência em grande parte dos contos é a de uma aranha com traços de homem, em algumas lendas aparece como mulher e em outras formas. Os nomes de suas histórias e dos personagens variam de acordo com as culturas. Acredita-se que sua origem vem diretamente das tribos Ashanti, sendo depois espalhada pelos grupos Akan e por fim se aderindo à cultura dos índios americanos.

Muitas lendas atribuem à Anansi a criação do Sol, da Lua e das estrelas, o ensino da agricultura e até a tentativa de prender toda a sabedoria do mundo dentro de uma cabala! Uma característica inclusa em todas suas lendas, e que talvez marque tanto Anansi, é o fato dele simplesmente conseguir enganar a todos, resolvendo facilmente seus problemas através da lábia e da sua esperteza. Algo que de longe, bem de longe, lembra até nosso querido Saci Pererê. Uma célebre história, nomeada de O Baú de Anansi, conta como Anansi se tornou o detentor de todas as histórias do mundo.

Certa vez, quando já não tinha mais histórias para contar na Terra, Anansi teceu uma longa trama que ia do solo até alcançar o céu. Lá se dirigiu à um castelo, tendo em vista compras as histórias guardadas em uma urna de ouro pelo deus do céu Nyankonpon. Ao entrar, todos ficaram paralisados, pois muitos conheciam as histórias de Anansi, mas nunca tiveram a oportunidade de vê-lo. Porém, quando avisou qual era seu intuito, todos se postaram a gargalhar! Nyankonpon riu e zombou do desejo de Anansi, mas lhe propôs um acordo: Anansi teria de levar até o castelo Onini, a grande jibóia; Osebo, o leopardo de dentes terríveis; Mmboro, as vespas que picam como fogo e por fim Mmoatia, o espírito que nenhum homem viu. Até aquele momento, nenhum homem conseguiu realizar tais provas, mas Anansi não se intimidou e ofereceu além de completar esses desafios, sua própria mãe.

De volta à sua casa, Anansi, com o auxílio de sua mulher Aso, se pôs a pensar em como realizar essas provas. Chegou na conclusão em como capturar Onini, para isso teria de ter um galho de palmeira e um pouco de trepadeira, assim os dois se dirigiram para o riacho onde Onini costumava se banhar. Próximos dela, ficaram discutindo se "o galho era ou não do tamanho de Onini"; o plano deu certo, pois curiosa, Onini fez questão de ir auxiliá-los com essa questão, deitando-se sobre o galho. Anansi não perdeu a oportunidade e a prendeu com a trepadeira.

Novamente, Aso ajudou Anansi à chegar em um resposta para capturar dessa vez as vespas. Anansi, com uma folha de bananeira e um cabala cheia de água, aproximou-se das Mmboro; aproveitamento um momento de distração dessas, atirou todo o conteúdo da cabala para o alto, colocou a folha sobre a cabeça e gritou "Venham, venham! Está chovendo e vocês se ficarem aí, vão molhar suas asas, entrem aqui nesse abrigo!". Nem preciso dizer que o "abrigo" era a cabala que Anansi tampou com a folha de bananeira.

No caso da captura de Osebo, o leopardo, bastou à Anansi cavar um buraco, tecer uma teia bem forte no fundo dele e depois tapá-lo com folhas, pois assim no dia seguinte Osebo já estava lá preso. Agora faltava apenas Mmoatia, o espírito que nenhum homem viu. Depois de pensar muito, achou um galho caído por um raio e teve uma brilhante idéia. Pediu para Aso preparar o mais delicioso mingau de mandioca, enquanto isso talhou um boneco de forma humana com o galho achado. Anansi se dirigiu então para o local onde sabia que o espírito apareceria para dançar, lá colocou o boneco juntamente do prato com mingau, mas não antes de cobrir o boneco com um líquido pegajoso.

Mmoatia, depois de um tempo, apareceu e encontrou o estranho boneco com um saboroso prato de mingau. Irritado com o fato do boneco não lhe oferecer o petisco, Mmoatia deu um tapa em sua cabeça, mas acabou ficando com a mão presa! Deu outro tapa e ficou mais preso ainda; por fim com um chute derrubou o prato de mingau, que tanto queria, e ficou tão grudado que não conseguiu mais se soltar. Anansi então juntou todas suas capturas e foi buscar sua mãe. No dia seguinte tramou uma nova teia entre o solo e o céu e foi buscar seu prêmio.

O deus Nyankonpon ficou muito surpreso com a capacidade de Anansi, pois ele não passava de um jovem miúdo e fraco. Com muito gosto então lhe concedeu a urna de ouro, onde todas as histórias do mundo estavam guardadas. Anansi, de volta à sua aldeia, dividiu então essa e todas outras histórias com o resto do mundo.

Já aviso que existem muitas outras versões dessa história. Hoje em dia Anansi se tornou largamente uma influência para a cultura em geral, o escritor Neil Gaiman, por exemplo, apresentou o Sr. Nancy em seu livros Deuses Americanos e Filhos de Anansi. Rolou até uma aparição dele em um episódio do Super Shock, hahahaha. Espero que tenham gostado, até a próxima.

sábado, 10 de maio de 2008

Skies of Arcadia

Os céus de Arcadia, como são lindos, como são vastos, como são grandiosos. E mais grandiosos ainda são os piratas que os habitam! Se vocês acham que estou falando sobre algum livro, alguma lenda ou ainda sobre algum conto, se enganaram por completo. Hoje vou dar início a uma nova categoria de postagem, no caso sobre jogos. Tudo bem, tudo bem, para os mais céticos e antiquados isso soa como uma regressão, mas pelo contrário, acho que isso é um avanço, já que cada vez mais podemos expandir o campo que aborda 'fantasia'; fora que um assunto diferente quebra a seriedade de artigos inteiramente históricos ou mitológicos.

Voltando ao assunto, Skies of Arcadia é um RPG velho conhecido meu, lá dos tempos do Dreamcast. Em meados de 2002 ele foi relançado para o console Gamecube, possibilitando que mais pessoas pudessem apreciar essa história tão original e divertida.

O enredo pode parecer muito básico: a aventura começa quando Fina, uma jovem silvite, é atacada em seu veleiro voador pelo navio de guerra do almirante valuan Alfonso, o qual segue as ordens do 'lord' Galcian. Quando está prestes a cair nas mãos dos vilões, Vyse e Aika, dois piratas Blue Rogues, abordam o navio de Alfonso para 'salvarem o dia'. Com o sucesso da missão, os Blue Rogues retornam à Pirate Island, uma ilha parecida com um vilarejo, mas que guarda dentro dela o esconderijo dos maiores piratas do mundo de Arcadia!

Após o final do dia, assistindo à um pôr do Sol, Vyse e Aika avistam uma pedra da Lua despencando do céu e caindo na Shrine Island, uma ilha bem próxima de onde estão. As pedras da Lua são minerais importantes em Arcadia, pois funcionam como combustível para que os navios e barcos se mantenham em constante voô; assim fica lógico que os dois vão à procura desse meteorito. Quando retornam, há, descobrem que a Armada, a comando de 'lord' Galcian, capturou todos os membros da Blue Rogue e de quebra levaram a jovem Fina, uma das últimas sobreviventes da civilização Silver.

É então que a aventura começa, pois a bordo de seu navio pirata, você tem o poder de viajar por um mundo enorme que é Arcadia, podendo ao longo das suas viagens coletar itens, colecionar cartões com detalhes de locais históricos e suas informações geológicas, encontrar diversos nativos e até entrar em batalhas de NAVIOS!

Para os que não se convenceram ainda do jogo, é válido dizer que o original nele é o cenário. Arcadia é um mundo formado apenas por ilhas. Não há mar ou oceanos, você navega no ar; através dos céus. Por isso é interessante observar as inúmeras situações curiosas encontradas nessa atmosfera, tais como cardumes de peixes voadores, desenhos no chão e até uma espécie de Moby-Dick! Quem não se convenceu ainda... bom, vá ler outro blog. Hahaha, brincadeira.



Por enquanto é só, até a próxima postagem.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fantastipédia

Como vai pessoal? Que saudades de escrever algo por aqui. Como puderam acompanhar recentemente, temos um novo membro: um grande amigo meu que convidei para me auxiliar aqui no blog. E não é só, realmente estou pretendendo montar uma equipe para gerenciar e alavancar o "Falando de Fantasia"! Bom, vamos com calma...

Vim hoje tratar de um assunto que pode vir a interessar muitos aspirantes de historiadores ou escritores. Refiro-me ao Fantastipédia, uma enciclopédia online tratando apenas e exclusivamente de fantasia, mitologia e folclore! Bacana não? Essa foi mais uma iniciativa da comunidade Escritores de Fantasia; uma solução brilhante para tratar de artigos com textos carregados e pesquisas mais profundas que não podem ser esclarecidos em sua totalidade dentro dos tópicos da comunidade.

E claro, como qualquer enciclopédia online, assim como o Wikipédia, você, caro leitor, pode criar um artigo! Isso mesmo: você pode ir lá e escrever um artigo sobre um assunto que você conheça bem. Nem preciso comentar sobre as formalidades: criar um tópico sério e objetivo, texto editado formalmente, ver se já não há um artigo repetido, ausência de ofensas, preconceitos, etc. Quem gostou da idéia, basta dar uma olhada então no site do Fantastipédia.

E já deixo aqui também o convite para participar da comunidade Escritores de Fantasia; lugar onde pude aprender, e continuo aprendendo, muito! Até a próxima.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Edição comemorativa de Akira

O tão aclamado anime Akira resurge após anos de esquecimento; voltando para envenenar a mente das novas gerações que ainda não o viram e para matar de excitação os marmanjos que há tempos sonham em revê-lo. Acontece que devido aos vinte anos do lançamento do anime, mês passado foi lançada uma edição comemorativa e inédita do épico no formato de DVD.

A história se passa em Neo-Tókio, uma visão futurística e perturbadora da atual metrópole Tókio após a 3ª Guerra Mundial; o que nos leva à uma cidade beirando o caos completo. O núcleo desta saga se passa entre forças secretas militares, gangues de motoqueiros delinqüentes e um mistério chamado Akira, que é esperado desde a colossal explosão que iniciou a guerra que está levando o mundo ao fim.

O anime foi produzido por Katsuhiro Otomo, Katsuhiro é o escritor e o próprio desenhista do mangá que se tornou um classico do gênero ficção-científica ou cyberpunk. Por sua repercurssão , o mangá originou o anime, que por sua vez chegou às mãos de diversos fãs do gênero em todo o mundo. Note que foi o próprio Katsuhiro que foi dirigiu e produziu sua criação.

Para os fanáticos e curiosos aqui fica o trailer desta obra prima da sétima arte e ainda mais, os mangás para quem viu o filme e gostaria de ler a obra original (que particularmente é muito mais foda!).