terça-feira, 22 de julho de 2008

Nausicaä do Vale do Vento

Sentiram saudades? Espero que sim, pois fiquei praticamente um mês sem qualquer contato com o meio virtual; motivo disso já foi explicado no final do último artigo. Esse meio tempo teve seus bons momentos: li algumas obras de ficção científica, descobri que Dostoiévski é enorme e que O Pequeno Príncipe é uma obra maravilhosa, também pude ler Nausicaä e comprar um belo cacto que já está acomodado na estante do computador. Hoje decidi falar sobre mais essa obra de arte que surgiu da mente brilhante de Hayao Miyazaki, famoso por O Castelo Animado e A Viagem de Chihiro.

Nausicaä do Vale do Vento surgiu da fascinação de Hayao Miyazaki pela personagem de mesmo nome que aparece no livro Odisséia. Nausicaä era uma princesa bonita e sonhadora, moradora da ilha de Feácia, gostava de tocar harpa e tinha uma decidida paixão pela natureza. Ela salvou Odisseu quando este apareceu ensanguentado na praia. Pressionado pelos pais de Nausicaä, Odisseu partiu sem demora, o que acarretou na tristeza da bela princesa. Ainda de acordo com a lenda, Nausicaä não se deu o luxo de casar-se, tornando-se então a primeira mulher menestrel, espalhando assim as histórias das aventuras de Odisseu.

Hayao comparava frequentemente essa heroína, pouco destacada dentro do próprio livro Odisséia, com uma princesa das fábulas japonesas. Essa princesa, vinda de uma família aristocrática, era tratada como esquisita por seus hábitos excêntricos. Possuía sobrancelhas escuras e dentes brancos, coisas incomuns até então, e, apesar de sua idade, se divertia brincando nos campos e observando a magia da natureza; sendo os insetos alvos de sua maior admiração. Infelizmente, aponta Miyazaki, diferente de Nausicaä, a "princesa que adorava insetos" nunca teve um Odisseu naufragando em suas praias. Toda essa mescla de sentimentos tornou Nausicaä, personagem de Hayao, uma garota sensível, forte e corajosa; a típica personagem que prende o leitor em poucas falas e ações, criando assim maior afeição pela obra!

A história se passa mil anos após a Guerra dos Setes Fogos; momento em que metrópoles inteiras decaíram pela alta quantidade de substâncias tóxicas que elas mesmas produziram. O mundo moderno, as indústrias e a tecnologia avançada foram engolidas pelo tempo e perdidas no esquecimento. A maior ameaça presente nesse mundo é a contínua expansão do Mar Podre, uma floresta que contém plantas que emitem um gás nocivo as formas de vida comuns, com exceção dos insetos. Não se sabe como surgiu o Mar Podre e como evitar que este devaste o pouco que sobrou do mundo. Nausicaä, princesa do pequeno reino do Vale do Vento, busca compreender a origem e a função da floresta, enquanto se vê representante do seu povo, já que seu pai foi infectado pelo veneno. O ambiente hostil em que se passa a trama contribui para quebrar conceitos de bem ou mal, já que todos estão em uma batalha de sobrevivência.

Ainda não tive a oportunidade de ver a animação, apenas li os quadrinhos. Não há muita diferença entre ambos, já que Hayao conseguiu compactar a história de modo espetacular; ele mesmo prefere a animação, que está mais direta e dinâmica. Fica aqui a dica: leiam o trabalho original (encontrado facilmente em bancas, revistarias ou livrarias, já que foi relançado) ou assistam a animação que é considerada por alguns fãs como a maior criação de Miyazaki!

Espero que tenha gostado e fiquem de olho que logo será o aniversário do Falando de Fantasia. Até a próxima!

4 comentários:

Luiz Falcão disse...

Já não era sem tempo!

Bem vindo de volta a realidade virtual!

Luiz

Andréia Lino disse...

Parabens pelo blog... particularmente adorei!

muito sucesso pra ti!

ótimo fim de semana

Anônimo disse...

Oi Cezar, aqui é o Camino do Ambrosia.com.br, só acrescentando que na verdade a animação foi realizada "contra" a vontade O Myasaki, pois Nausicaa ainda estava incompleta. Portanto a animação, que é maravilhosa, na verdade aborda menos da metade do enredo do mangá.

Abraços e parabéns pelo blog.

Cezar Berger Junior disse...

Camino,

Curioso, pois uma das minhas fontes foi o próprio mangá. Tudo bem que a adaptação foi bem compactada, mas essa do Miyazaki ter ido "contra" a animação é uma nova para mim. Vou dar uma verificada nisso.

Obrigado pela complemento, abraços. ;P