sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Filhos de Galagah


Como todo prezado brasileiro, tive de esperar o término desse prazeroso e ocioso feriado de Carnaval para retomar normalmente minhas atividades. Quem diria que hoje estaria resenhando o livro de um parceiro do Falando de Fantasia que rapidamente se tornou um amigo e mais um colega nas mirabolantes aventuras literárias fantásticas brasileiras. Estou falando de Leandro Reis, escritor paulista que lançou em Dezembro do ano passado seu primeiro e já aclamado romance Filhos de Galagah. Como já foi dito em outro artigo, acabei faturando por coincidência um exemplar do livro durante um sorteio na comunidade Escritores de Fantasia, o que foi uma ótima oportunidade para ser um dos primeiros a tirar conclusões dessa obra.

Filhos de Galagah conta a história de Galatea Goldshine, filha do venerado rei Airon Goldshine e motivo de adoração do povo de Galagah, este acostumado com a sabedoria com que o reino é comandado e com seus governantes carismáticos. Reverenciando o deus Radrak, os Guardiões da Vida são defensores sagrados que não medem forças para manter a ordem e eliminar qualquer tipo de injustiça; assim são Airon e seu conselheiro Ethan, por exemplo. Galatea, após anos de treinamento com seu tutor e lorde de guerra Módius e seu bondoso professor e bardo Vanliot, torna-se uma Campeã Sagrada com méritos e ainda recebe o título de Flagelo Dourado (antes pertencente ao misterioso Ethan). Escolhida pelo próprio Radrak, ela recebe a missão de encontrar três crianças denominadas Serafins e receber seus respectivos dons, porém isso terá de ser feito antes que os asseclas do maligno deus Orgul as alcancem. Para intensificar o clima da trama, o repentino sequestro de Thomas, irmão de Galatea, por parte dos enviados de Enelock acarreta no desespero da corte real. Existe uma profecia que afirma que a linhagem dos Goldshine será extinta pelas mãos dos aliados de Orgul. Mas em tempos de tempestade é preciso ter calma e muita fé, valores que torma os Guardiões da Vida tão especiais, assim como Galatea. Ela decide segui o destino traçado por Radrak e aguardar que as habilidades de seu irmão o salvem do perigo.

O enredo se desenrola com um ritmo agradável e flexível para com leitores novos e experientes, não perdendo a riqueza e não tornando-se enfadonho, porém o verdadeiro triunfo em Filhos de Galagah está justamente na construção dos diferentes personagens que são apresentados nesse universo. Quando digo que Galatea é irritante, não é por demérito à personagem, mas sim por seu fervor religioso que ultrapassa qualquer limite. Iallanara, ao contrário da Guardiã, é sombria, amargurada e encontra-se constantemente refletindo sobre sua condição. No início do livro ela contracena com a personagem principal, possibilitando ao leitor entender mais sobre seu passado e sobre o motivo que lhe causa tanto sofrimento; desde o prefácio já é possível perceber sua importância na conclusão do livro. Os elfos Sephiros e Gawyn são outros personagens que merecem muita atenção: enquanto um é sagaz e transmite uma aura de sabedoria ao leitor, o outro é piadista, hiperativo, mas com um grande senso de justiça; que atire a primeira pedra quem não riu de pelo menos uma piada contada por Gawyn! Garanto que sem essa dupla seria impossível ter uma história tão envolvente.

O que torna Filhos de Galagah tão especial é a honestidade que Leandro Reis nos conta suas histórias dentro de um cenário de alta fantasia. Percebemos em cada linha, em cada diálogo e em cada acontecimento a dedicação e o carinho com que foi escrita essa obra. Uma prova dessa dedicação é a contínua construção de Grinmelken através de contos, artigos sobre religião, descrições dos personagens e ilustrações dos mesmos, algo que deve agradar todos aqueles que se deliciaram com essa história e querem mais. É preciso lembrar que Filhos de Galagah é apenas o primeiro livro de muitos outros que ainda virão contando a história do mundo de Grinmelken, por isso aguardem por muito mais e torçam para que o segundo volume seja publicado em breve. Parabéns pela conquista Leandro e por mais um espaço aberto aos jovens escritores de fantasia e ficção científica.

Caso tenham se interessado pela obra, acessem o site oficial Grinmelken! Abraços e até a próxima.

3 comentários:

Pedro Mendes disse...

Gostei muito do seu blog, coloquei seu banner no meu, compartilho dos mesmos interesses. É interessante saber de escritores nacionais que s interessam em criar coisas fora de nossos regionalismos. Aqui em fortaleza não tenho muito contato com nada que seja nacional e boa ao mesmo tempo.

Cezar Berger Junior disse...

Pedro,

Interessante essa questão do regionalismo, pois ultimamente ouvi uma reclamação contrária ao que você falou: muitos acham que os escritores são pouco regionalistas e querem passar um ar de "americanos".

Aliás, não consegui ver seu blog, por seu perfil estar bloqueado. Abraços!

Pedro Mendes disse...

Aqui no nordeste tudo é mais regionalizado, nada contra, mas ninguém é obrigado a ter os mesmos da maioria. E obrigado pela informação do perfil, hauiahuiah, já desbloqueei