Conversando com meu amigo Felms, fui apresentado a um jogo que marcou o Playstation 2, muitos aqui até devem conhecê-lo, chamado Shadow of Colossus. Com gráficos bem planejados, cenários elaborados e criaturas gigantescas, o jogo ganhou grande fama e ficou conhecido por certo diferencial com demais jogos de ação e de RPG. O ponto da conversa se prolongou para o que seriam exatamente os golens presentes no jogo; seriam eles meras criaturas de barro? Simples inimigos de nível mediano em partidas de RPG? Acredito que há uma história muito mais profunda do que esse monstro lendário aparenta.
A crença do golem engloba um papel muito importante dentro da mitologia e da filosofia, no caso esse papel se trata da busca do homem pela criação de um ser semelhante. É claro, não vale citar a reprodução natural como parte dessa busca, o interessante é foca na criação "artificial"! Essa temática da fabricação de um ser está espalhada em diversas culturas e influenciou diversos elementos que compõem a nossa cultura: a idéia do golem está presente desde o mito de Prometeu até o livro Frankenstein. As tradições místicas do judaísmo, particularmente a cabala, diziam que Deus havia criado o primeiro homem através de uma sucessão de ritos, não em um estalar de dedos, caso esse ritos fossem retomados e repetidos pelos estudiosos seria possível a criação de uma nova criatura. Há uma linha de raciocínio presente no Talmud que diz que até mesmo Adão havia sido um golem, já que ele também veio do pó; lembrando que os golens são provenientes da lama, existindo aí então uma correlação de elementos da alquimia.
No folclore judaico a palavra golem possui o significado literal de "casulo". Já no hebraico moderno a palavra significa "estúpido" ou ainda "imbecil". Curiosa essa última etimologia, pois a figura do golem sempre foi associada a submissão. O golem era criado a fim de servir seu mestre, seguindo todas as ordens a risca, nem sequer medindo as conseqüências de seus atos. O substantivo também pode ter sido derivado da palavra gelem que significa "matéria prima".
A história mais famosa que envolve a fabricação de um golem data do século XVI, mais exatamente na cidade de Praga. O rabino Judah Loew, orientado pelos ritos compreendidos no Livro da Criação do escritor Eleazar de Worms, começou a testar várias combinações de fórmulas com a finalidade de gerar vida. Certo tempo depois, após muitas falhas, o inesperado ocorre: do pó armazenado no armário do rabino uma figura humana começa a tomar moldes. Na cabeça do golem foi escrita a palavra Emet (verdade), assim a criatura pode tomar vida e se levantar.
Judah Loew tinha como objetivo criar um protetor para o gueto que constantemente sofria ataques anti-semitas. Durante o dia a criatura ficava escondida no sótão da casa do rabino, porém ela foi crescendo com o tempo, chegou então ao ponto de quebrar o telhado e se tornar visível a multidão. Tornando-se violento, o golem começou a espalhar o medo no gueto. Não restou alternativa a não ser lançar uma contra-magia e cessar com o caos; Judah apagou uma das letras da testa do golem e este voltou ao pó de onde viera.
Tempos mais tarde a escritora Mary Shelley se aproveitou da mesma história, apenas fazendo certas modificações que trouxeram o golem da cabala para a modernidade, sendo agora um ser movido por equipamentos provenientes da revolução industrial. Frankenstein foi um marco na literatura e até hoje é lembrado por sua consistência e sua metáfora sobre até que ponto o homem pode dominar suas criações.
Partindo agora para o lado RPGístico do artigo, vale sintetizar que o golem é uma criatura fabricada a partir de qualquer material que, através de ritos, passa a ganhar vida; esses materiais podem ser carne, ferro, pedra, areia, diamante ou até madeira. Esses rituais de criação tanto podem ser religiosos, quanto tecnológicos, variando de alquimia a cabala, como já foi citado. Palavras e símbolos impressos no corpo desses monstros representam a magia ali selada, que só pode ser quebrada de acordo com as regras impostas na criação.
Bom, por enquanto é só. Espero que tenham gostado do artigo e que continuem visitando sempre o blog, até a próxima!
A crença do golem engloba um papel muito importante dentro da mitologia e da filosofia, no caso esse papel se trata da busca do homem pela criação de um ser semelhante. É claro, não vale citar a reprodução natural como parte dessa busca, o interessante é foca na criação "artificial"! Essa temática da fabricação de um ser está espalhada em diversas culturas e influenciou diversos elementos que compõem a nossa cultura: a idéia do golem está presente desde o mito de Prometeu até o livro Frankenstein. As tradições místicas do judaísmo, particularmente a cabala, diziam que Deus havia criado o primeiro homem através de uma sucessão de ritos, não em um estalar de dedos, caso esse ritos fossem retomados e repetidos pelos estudiosos seria possível a criação de uma nova criatura. Há uma linha de raciocínio presente no Talmud que diz que até mesmo Adão havia sido um golem, já que ele também veio do pó; lembrando que os golens são provenientes da lama, existindo aí então uma correlação de elementos da alquimia.
No folclore judaico a palavra golem possui o significado literal de "casulo". Já no hebraico moderno a palavra significa "estúpido" ou ainda "imbecil". Curiosa essa última etimologia, pois a figura do golem sempre foi associada a submissão. O golem era criado a fim de servir seu mestre, seguindo todas as ordens a risca, nem sequer medindo as conseqüências de seus atos. O substantivo também pode ter sido derivado da palavra gelem que significa "matéria prima".
A história mais famosa que envolve a fabricação de um golem data do século XVI, mais exatamente na cidade de Praga. O rabino Judah Loew, orientado pelos ritos compreendidos no Livro da Criação do escritor Eleazar de Worms, começou a testar várias combinações de fórmulas com a finalidade de gerar vida. Certo tempo depois, após muitas falhas, o inesperado ocorre: do pó armazenado no armário do rabino uma figura humana começa a tomar moldes. Na cabeça do golem foi escrita a palavra Emet (verdade), assim a criatura pode tomar vida e se levantar.
Judah Loew tinha como objetivo criar um protetor para o gueto que constantemente sofria ataques anti-semitas. Durante o dia a criatura ficava escondida no sótão da casa do rabino, porém ela foi crescendo com o tempo, chegou então ao ponto de quebrar o telhado e se tornar visível a multidão. Tornando-se violento, o golem começou a espalhar o medo no gueto. Não restou alternativa a não ser lançar uma contra-magia e cessar com o caos; Judah apagou uma das letras da testa do golem e este voltou ao pó de onde viera.
Tempos mais tarde a escritora Mary Shelley se aproveitou da mesma história, apenas fazendo certas modificações que trouxeram o golem da cabala para a modernidade, sendo agora um ser movido por equipamentos provenientes da revolução industrial. Frankenstein foi um marco na literatura e até hoje é lembrado por sua consistência e sua metáfora sobre até que ponto o homem pode dominar suas criações.
Partindo agora para o lado RPGístico do artigo, vale sintetizar que o golem é uma criatura fabricada a partir de qualquer material que, através de ritos, passa a ganhar vida; esses materiais podem ser carne, ferro, pedra, areia, diamante ou até madeira. Esses rituais de criação tanto podem ser religiosos, quanto tecnológicos, variando de alquimia a cabala, como já foi citado. Palavras e símbolos impressos no corpo desses monstros representam a magia ali selada, que só pode ser quebrada de acordo com as regras impostas na criação.
Bom, por enquanto é só. Espero que tenham gostado do artigo e que continuem visitando sempre o blog, até a próxima!
3 comentários:
Muito bom o post! Gostei de saber mais sobre os Golens, parece até possivel atravez da transformação de qualquer tipo de matéria, infinitas possibilidades imaginárias! haha
Gostei bastante. Parabéns monstro Cezar Hahaha.
Muito bom Cezar, mais um artigo interessante. Alias, falar sobre golens me dá vontade de jogar Promethean - The Created da WW.
Muito Bom! Agora entendi porque tinha um golem, em Praga, no jogo de computador "Vampire the Masquerade" - Eureka!
Muito bom mesmo Cesar!
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