terça-feira, 5 de agosto de 2008

Watchmen

Posso dizer com facilidade que essa foi a melhor história em quadrinhos que eu já pude ler, até tenho sérias dúvidas se um dia terei em mãos uma graphic novel tão moralmente avassaladora, tão crítica com super-heróis e com a atual sociedade bélica. Acredito que o título não seja desconhecido entre os leitores do Falando de Fantasia, mesmo porque a história está sendo adaptada para o cinema, será lançada no final do primeiro semestre do ano que vem, e já conquistou diversos prêmios, que vão desde os de quadrinhos até os de obras literárias. Watchmen foi considerado um marco nos quadrinhos, já que seu enredo maduro, sua linguagem diferenciada e sua temática social conquistaram o interesse do público adulto, até então afastado do formato dos quadrinhos; a este feito podemos somar a participação de Art Spiegelman, em Maus, e Frank Miller, em O Cavaleiro das Trevas.

Alan Moore, buscando transcender as possibilidades dos quadrinhos, criou uma trama que envolvia histórias obscuras por trás dos super-heróis; esses arquétipos de perfeitos cidadãos também possuiriam problemas éticos e psicológicos, traumas, preconceitos, defeitos, entre outros pontos não observados nas histórias em quadrinhos até o lançamento de Watchmen. Moore ainda usou como pano de fundo uma história alternativa onde os Estados Unidos teriam vencido a Guerra do Vietnã e estariam prestes a entrar em um conflito nuclear com a União Soviética. Um pouco caótico, não? Ainda nem comecei... Após um pequeno incidente em um laboratório nuclear, o cientista Jonathan Osterman é transformado no Dr. Manhattan, uma criatura com poderes que vão desde a manipulação total da matéria até o controle do espaço temporal. Esse acidente fez com que o governo utilizasse, estrategicamente, Osterman como uma peça chave a fim de evitar conflitos e evoluir drasticamente sua tecnologia.

O primeiro obstáculo para Alan Moore e o ilustrador Dave Gibbons, muito importante no desenvolvimento da graphic novel, foi a escolha dos personagens a serem usados. A princípio seriam usados os personagens da MJL Comics (nessa ocasião em negociações com a DC Comics), optaram, porém, por usar os personagens recém comprados da Charlton Comics, todavia essa idéia foi descartada devido ao cuidadoso trabalho que a DC Comics vinha desenvolvendo para inserir esses heróis em seu universo. Dick Giordano, que havia trabalhado na Charlton Comics, sugeriu que Moore e Gibbons começassem a criação do zero, utilizando apenas algumas características de outros super-heróis. Essa reconstrução foi bem interessante para a época, já que tratou de modo subjetivo alguns estereótipos de heróis em evidência; desse mesmo modo podemos explicar a mudança dos trajes que o diretor Zack Snyder inseriu para criticar os “novos” fantasiados que estão invadindo o cinema. Com a resposta para esse problema, faltava então desenvolver a temática em volta da morte de um dos personagens. Os escritos originais preencheriam apenas seis volumes, entretanto as várias tramas menores, que englobam o passado e o presente dos vigilantes, conseguiram fazer com que Watchmen viesse a fechar com doze volumes.

A graphic novel começa quando Edward Blake, conhecido como Comediante, é encontrado misteriosamente morto. Todos encaram o fato como suicídio ou algo insignificante demais para ser melhor averiguado, já que o passado de Blake não era um dos melhores e ele poderia ter diversos inimigos. No entanto há Rorschach, o único vigilante na ativa e o único com capacidade para buscar vestígios do assassino; seja por tortura, invasões ou tendo poucas horas de sono. Sem saber qual será o desfecho do caso, o último vigilante (ou talvez o primeiro dos últimos) se depara com uma conspiração que envolve o desaparecimento de todos os super-heróis. Ao longo da história muitos personagens ganham importância, tais como Coruja, Júpiter, Ozymandias, Moloch e até o dono da banca de jornal!

É necessário ressaltar alguns pontos curiosos dentro da história, como o fato dos Estados Unidos proibirem a existência de heróis fantasiados. Estes foram banidos pela Lei Keene por agirem “acima da lei”, fazendo com que policiais entrassem em greve e cidadãos fossem às ruas para manifestar contra as ações dos vigilantes.

Tudo que mencionei não compreende nem um vigésimo da profundidade de Watchmen. Com um começo instigante e um final de cair o queixo, muitas questões acabam sendo levantadas: afinal, o que é melhor para o homem? Qual a solução para o caos urbano que ruma à antropofagia? Qual o sentido de viver sem se preocupar com o próximo? Espero que leiam, todos os quadrinhos estão disponíveis no fórum F.A.R.R.A. (necessário se registrar). Fiquem agora com o trailer oficial do filme, até mais!

4 comentários:

Felms disse...

Um absurdo!
Sensacional!
O MELHOR!
Sem dúvida o melhor HQ de todos os tempos!
Gostei do post!
Grande Cezar, todo mundo tem que ler isso, antes do filme, por favor, para
atirarmos pedras se necessário haha (espero que não).

Abraço.

Jonatas Tosta disse...

você é um monstro do abismo dos blogs... continue assim, cara.
qualidade. nada mais.

Anônimo disse...

cara a revista ja connheciada como umas das mais bem feitais da historia, a historia se vc ja leu é fantastica então oq comentar sobre o filme: tomara q não nos decepicione!!!

Roberto Colombo disse...

Olha, devo admitir que nunca li, mas estou ansiosíssimo para conhecer! Adoro quadrinhos em geral, e Watchmen parece realmente dos melhores!
Abraço!