segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sobre a mesa-redonda na Livraria Cultura

Nesse último Sábado, eu, acompanhado dos meus amigos, incluindo o colaborador Guilherme Henrique, fui à tão esperada mesa-redonda sobre literatura fantástica que rolou na Livraria Cultura do bairro Morumbi, em São Paulo. Com sucesso e muita paciência, sai do interior de São Paulo e andei por quatro diferentes linhas do transporte ferroviário para então chegar ao local marcado. Foi uma viagem cansativa, mas nada se comparado aos apuros que nosso camarada Ulisses teve de passar em sua odisséia.

Em primeiro momento avistei algumas figuras bem conhecidas na comunidade Escritores de Fantasia, lá estavam: Antonio Luiz, criador da comunidade, Claudio Villa, escritor do romance Pelo Sangue, Pela Fé, Ana Cristina, presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica e mediadora do evento, Douglas, reconhecido pelo Necrópolis, Christie, autora que recentemente lançou o livro Fábulas do Tempo e da Eternidade, Marcelo Augusto, Mushi, criador da fanzine Mushi Comics, e, não menos importante, Horácio, organizador da mesa-redonda. É claro que os que só se conheciam pela comunidade ficaram com receio de se cumprimentarem, mas ainda assim a recepção platônica foi calorosa. Alguns minutos após a abertura do auditório, já se viam muitas pessoas interessadas na mesa-redonda, algo que se consolidou logo que a sala se mostrou cheia. Entre a platéia estavam alguns convidados inesperados, tais como André Vianco, que dispensa apresentações, e Ludimila Hashimoto, tradutora dos livros Voz do Fogo, de Alan Moore, e da série Discworld, de Terry Pratchett. A mesa que daria início ao debate caloroso que rendera três horas ficou por conta de Ana Cristina, Claudio Villa, Orlando Paes Filho, autor da série Angus, Delfín, coordenador editorial da Editora Aleph, Sílvio Alexandre, organizador da Fantasticon, Rogério Campos, editor-chefe da Editora Conrad, e Gianpaolo Celli, editor-chefe da Tarja Editorial.

O debate começou com uma breve, não tão breve assim, apresentação dos participantes da mesa; o melhor desse momento foram algumas revelações do que viria a ser a Fantasticon. Infelizmente o tópico sobre New Weird fora diluído, mas ainda assim todos os demais foram devidamente respeitados. Alguns assuntos que caíram na mesa devem uma melhor atenção por minha parte ao escrever esse artigo. O assunto começou falando-se do preconceito que o público adulto vê nos livros de fantasia, achando que estes são destinados apenas aos públicos infantil e infanto-juvenil, surgiu daí até um momento cômico, onde relataram que títulos como Discworld e Druuna já foram vistos ao lado de Snoppy e Cebolinha; debateram também sobre autores iniciantes que insistem em antes de começar a escrever um livro, anunciá-los como trilogia e livros que irão revolucionar a fantasia. Como o próprio Villa enfatizou, existem até autores que antes mesmo de começar a escrever o livro, fazem uma sinopse do que seria a idéia e a divulgam, a fim de outras pessoas opinarem. É lógico que é preciso antes de tudo planejamento, algo que dificilmente entra na cabeça de um autor iniciante, que quase sempre entende o livro como um produto a ser vendido ou ainda como meio de futuramente deste se tornar um longa-metragem; estes foram outros dois tópicos fortemente discutidos; inclusive foi discutido em conjunto da platéia, onde André Vianco pôde aproveitar a circunstância para contar sobre sua experiência no campo literário e entrar em outra discussão, que foi sobre como ser publicado. Claudio Villa relatou como foi seu investimento para a publicação de seu livro, o que envolveu desde a venda do seu carro para suprir o preço da impressão até sua coragem de ir de livraria em livraria oferecer seu livro.

O público introduziu na mesa também assuntos como valores dentro dos livros de fantasia, o que fez com que todos mirassem Orlando Paes Filho, pois seus livros carregam consigo uma forte idéia moralista sobre o cristianismo, ilustrações nos livros, se isso tornaria um título adulto muito infantil ou tirasse o fator imaginação do leitor, e recomendações por parte da mesa. Entre um assunto e outro, surgiu uma notícia que deve ter pegado muitos de surpresa: uma iniciativa que criou uma pós-graduação para se torna escritor. Sim! Soa incrivelmente estranho e surreal, mas é a verdade, agora é possível ter um diploma em sua parede para se tornar um escritor. Ao final da mesa-redonda ficamos sabendo dos futuros projetos de Ana Cristina, que inclui uma coletânea com contos de sua autoria, e ainda assistimos em primeira mão um comercial feito para os metrôs do próximo lançamento da Editora Aleph, créditos ao Delfín, no caso a edição comemorativa de 25 anos do livro Neuromancer, de William Gibson, o qual já citei no artigo sobre Cyberpunk.

Vale ressaltar que a mesa-redonda foi recheada de momentos únicos, onde Rogério, ateu, cutucou o anarco-cristão Orlando Paes (“Sou ateu mesmo, acho que Deus é um péssimo personagem!”), e brincou com a idéia do diploma de escritor (“Agora vocês podem chegar à Academia das Letras e tirar todos os velhinhos que não tiverem diploma.”); nem é preciso dizer que ele foi digno de aplausos após altas gargalhadas. Queria também parabenizar a atitude de Orlando Paes em aceitar as brincadeiras, não se alterando.

Saindo do auditório tive o prazer de cumprimentar algumas das figuras que comentei anteriormente. Além dessa ventura, ainda pude encontrar com quatro membros do fanzine Fabulário; a oportunidade foi ótima, pois além de nos conhecermos, voltamos rindo durante a entediante viagem de volta. Recebi também das mãos do autor Fábio Ciccone a fanzine Magias & Barbaridades, o qual li, ri,gostei e já projetei como uma futura aliança.

Para quem não foi, mas gostaria de rever toda a trajetória das diversas discussões que permearam nesse Sábado, logo estará disponível no YouTube os vídeos contendo as três horas do evento. Bom, esse foi apenas o aquecimento para o que virá na Fantasticon! Espero que encontre mais pessoas e que volte com mais assunto para debater por aqui. Até mais pessoal e espero que tenham sido incitados a participar desses eventos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Kanami sang imo blog. Daw spaghetti.

Anônimo disse...

Yugs, daw nabasahan ko naman ni sa iban nga blog?

Anônimo disse...

Coloca um link pra baixar tudo no RapidShare =)
No Youtube vai dar uma série muito longa

Marcelo Galvao disse...

Gostei da tua resenha, captou muito bem o espírito do evento.
E teu blog já está no meu Google Reader.
Um abraço.

Fabio Ciccone disse...

Queria muito que eles tivesse falado mais sobre o processo criativo do que sobre a natureza da literatura fantástica para o público :\

Enfim, a mesa foi curta. Muita gente para responder as perguntas, o que acabou permitindo apenas três ou quatro delas.

Enfim, Fantasticon é nóis!

Fabulário Blog disse...

Na verdade, quem viveu a odisséia foi Ulisses, ou Odisseu, e não Aquiles.

O Aquiles participou, claro, da Guerra de Tróia, mas odisséia mesmo só o nosso bom e velho herói intelectual.

Luiz,
do Fanzine FAbulário